Estreia de "grande sertão" traz Caio Blat e Luisa Arraes sob direção de Guel Arraes

Luisa Arraes e Caio Blat protagonizam "Grande Sertão", a aguardada adaptação do romance "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, que estreia hoje. Dirigido por Guel Arraes, pai de Luisa, o filme é uma realização marcante para a família e o cineasta, que retorna às telonas após oito anos.

Um projeto familiar

“É o maior desafio de nossas vidas. Da dele e da minha”, declara Luisa Arraes, que interpreta Diadorim, um personagem crucial na obra de Rosa. Esta produção é a primeira colaboração entre Luisa e seu pai, Guel Arraes. “Cara, foi emocionante! Foi muito bonito estar com ele dessa forma. A gente é muito ligado. Ele me educou em tudo o que eu sei. Mas agora a gente se encontrou como dois profissionais”, celebra a atriz.

Preparação intensa para papéis desafiadores

Antes de assumir Diadorim no filme, Luisa já havia interpretado o mesmo papel na peça teatral de 2017. A preparação para o papel no cinema exigiu dedicação intensa, especialmente durante a pandemia. “Tive uma preparação corporal muito grande, para poder ficar mais forte. Diadorim é um dos personagens mais perigosos e violentos. Foram dois anos, durante a pandemia, para aumentar a minha força. E aproveitamos esse período para ensaiar incansavelmente. Estávamos com muito sangue nos olhos”, relata Luisa.

Caio Blat, seu marido, interpreta Riobaldo, o protagonista masculino da trama, repetindo o papel que já havia desempenhado na peça. O elenco do filme também conta com nomes como Rodrigo Lombardi, Luís Miranda, Eduardo Sterblitch e Mariana Nunes.

Abordagem contemporânea e questionamentos de gênero

O roteiro, co-escrito por Jorge Furtado e Guel Arraes, traz uma leitura moderna do clássico, ambientando a história em uma comunidade futurista cercada por muros, onde ocorre uma guerra civil entre facções criminosas e grupos milicianos. "Grande Sertão" assume o estilo "favela movie", inspirado em sucessos como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite".

“O filme traz um tom operístico, épico, para esse gênero. Essa grandeza do que é uma guerra civil vai para as favelas. Não é uma guerra ralé, mas sim uma guerra digna, como se fosse a de Troia. Ela é trágica, como devem ser as grandes tragédias. O mais bonito é tratar esse gênero com a grandeza que ele merece”, comenta Luisa.

A adaptação também explora questões de gênero. Diadorim, na versão de Luisa, não é apenas uma mulher disfarçada de homem, mas uma figura que desafia o papel tradicional das mulheres na guerra. “O filme não quer questionar se é homem ou mulher. Não é isso que importa. Diadorim quer ir para a guerra, lutar e ser respeitada”, explica a atriz.

"Grande Sertão" promete ser uma obra impactante, trazendo novas perspectivas ao romance de Guimarães Rosa e demonstrando o talento e a dedicação de uma equipe que tem profunda admiração pela obra original.