Estudo aponta falta de remédio em 78% dos Centros de Testagem de IST

Levantamento revela desafios no abastecimento de medicamentos essenciais

Por Plox

06/06/2024 17h09 - Atualizado há 3 meses

Uma parceria entre o Ministério da Saúde e hospitais filantrópicos identificou a falta de medicamentos para prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (IST) em 78% dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) participantes de um censo de diagnóstico situacional. A análise, conduzida pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), revelou carências preocupantes em diversas unidades de saúde.

Principais descobertas do censo

O estudo incluiu 535 dos 775 CTAs do país, representando 70% das unidades. Entre as descobertas, 78% dos CTAs estavam sem medicamentos para reduzir o risco de infecção pós-exposição à hepatite B. Além disso, 56% não tinham remédios para tratar verruga anogenital associada ao HPV, 51% estavam sem substâncias para profilaxia de transmissão vertical de hepatite B, e 47% careciam de medicamentos para tratar doença inflamatória pélvica (DIP).

Reestruturação e melhorias

O Proadi-SUS, uma iniciativa do Ministério da Saúde com seis hospitais filantrópicos, conduziu o projeto de reestruturação em 14 CTAs pelo país. Esse esforço, realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein entre 2021 e 2023 com um orçamento de cerca de R$ 18 milhões, resultou em melhorias significativas. As ações incluíram a oferta de autotestes para HIV em 100% das unidades, aumento na presença de tratamentos para sífilis em 92% dos centros e vacinação contra HPV em 86% dos CTAs.

Impacto nas populações vulneráveis

Os CTAs, focados em populações de baixa renda e com difícil acesso a serviços de saúde, são essenciais para o combate às ISTs. João Renato Rebello Pinho, coordenador do setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Laboratório Clínico do Einstein, destacou a importância dessas unidades: "São populações de baixa renda que não têm como pagar por serviços de saúde, que têm dificuldade para procurar serviços de saúde".

Resultados alcançados

A reestruturação dos CTAs trouxe avanços notáveis, como a ampliação das ações voltadas para tuberculose, que aumentaram de 64% para 71%, e a busca ativa de sintomáticos respiratórios, que passou de 33% para 80%. Além disso, a solicitação e encaminhamento para testes de tuberculose atingiram 100% dos CTAs.

Continuidade do projeto

O projeto de reestruturação, considerado um modelo a ser replicado, foi desenvolvido para atender à demanda do Ministério da Saúde, oferecendo soluções operacionais que podem ser aplicadas em outras unidades do país. Segundo o Ministério da Saúde, "não há falta de medicamentos para os CTAs, contudo, o repasse dos insumos é operacionalizado pelos municípios". O SUS continua a fornecer diagnóstico e tratamento para todas as doenças cobertas pelos CTAs.

 

 

 

 

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