Assassinato de adolescente em escola completa um mês e mobiliza homenagem em Uberaba

Caminhada silenciosa vai lembrar Melissa Campos, morta dentro da sala de aula; suspeitos seguem internados

Por Plox

06/06/2025 08h29 - Atualizado há cerca de 1 mês

Um mês após o trágico assassinato da adolescente Melissa Campos dentro de uma sala de aula, a cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, se prepara para uma homenagem marcada pela fé e pelo silêncio. Neste domingo, 8 de junho, será realizada uma caminhada especial para lembrar a jovem, vítima de um ataque brutal que comoveu todo o país.


Imagem Foto: Redes Sociais


A Caminhada em Homenagem à Melissa, promovida pela Igreja Presbiteriana de Uberaba — onde a adolescente frequentava —, está programada para começar às 9h. O trajeto partirá da Avenida Nenê Sabino e seguirá pela Avenida da Saudade, Rua Jaime Bilharinho e Rua Ricardo Misson, com encerramento na sede da igreja. Ao final do percurso, será realizado um culto em memória da estudante.



Os participantes foram convocados a se reunir às 8h em frente ao Colégio Livre Aprender, no Bairro Universitário — local do crime. A orientação da organização é que todos usem camisetas brancas e não levem cartazes ou faixas. Segundo a igreja, qualquer material será disponibilizado pelos organizadores.


O pastor Edgar Chagas destacou em vídeo:
“Queremos colocar em evidência os valores vivenciados pela Melissa, (...) menina doce, meiga, cheia de fé”

.


Melissa, aluna do 9º ano, foi morta no dia 8 de maio com um golpe de faca no peito, desferido dentro da sala de aula. Após o ataque, o principal suspeito fugiu por um campo nos fundos da escola e foi localizado na AMG-2595, conhecida como Filomena Cartafina. Outro adolescente, também de 14 anos, foi apreendido ainda naquela noite. Ambos estão internados em centro socioeducativo em Araxá e respondem por ato infracional análogo a homicídio triplamente qualificado.


O promotor André Tuma informou que a motivação identificada foi inveja. A vítima era conhecida por acolher novos colegas, o que teria incomodado os suspeitos. Um dos adolescentes, ao ser detido, teria dito que Melissa simbolizava uma alegria que ele próprio não tinha.



Contudo, a versão oficial não convenceu a família da jovem. Em nota divulgada no dia 20 de maio, os parentes da vítima criticaram a ausência de enquadramento do crime como feminicídio e misoginia. Para eles, não se tratou apenas de inveja, mas de um ato de ódio contra uma menina feliz e admirada.


Mesmo assim, os familiares agradeceram às autoridades por afastarem especulações sobre bullying e por reconhecerem a integridade da menina. A nota reforça:
“Quando a felicidade de uma mulher é suficiente para suscitar tamanho ódio a um homem, não há como negar o envolvimento de misoginia”

.

A adolescente era filha de um dos coordenadores pedagógicos do Colégio Livre Aprender. Após o ataque, um professor — estudante de medicina — prestou os primeiros socorros antes da chegada do Samu. Apesar dos esforços para reanimá-la, Melissa não resistiu. As aulas na escola foram retomadas em 19 de maio.



Neste domingo, as ruas de Uberaba serão palco de um ato que mistura dor, saudade e esperança. Em silêncio e oração, a comunidade se unirá para eternizar o nome e o legado de Melissa Campos.


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