Bolsonaro admite envio de R$ 2 milhões ao filho Eduardo nos EUA

Ex-presidente afirma à PF que valor veio de doações de apoiadores e foi repassado ao filho em maio

Por Plox

06/06/2025 07h31 - Atualizado há cerca de 1 mês

Durante depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5), o ex-presidente Jair Bolsonaro revelou ter transferido uma quantia significativa ao filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro. Segundo ele, no dia 13 de maio, foram enviados US$ 350 mil — cerca de R$ 2 milhões — diretamente para os Estados Unidos, onde Eduardo se encontra.


Imagem Foto: Agência Brasil


O valor, conforme explicou Bolsonaro, foi extraído de um montante de doações feitas por apoiadores ao longo dos últimos anos. No total, a conta do ex-presidente acumula cerca de R$ 17 milhões provenientes dessas contribuições.



A declaração ocorreu no âmbito do inquérito que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro em solo norte-americano. A investigação conduzida pelo Supremo Tribunal Federal foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República, que identificou indícios de que o parlamentar estaria tentando influenciar autoridades dos EUA contra membros do Judiciário brasileiro. A principal suspeita é de que ele estaria buscando impor sanções a essas autoridades, com ações como o bloqueio de bens, cancelamento de vistos e impedimentos comerciais.


Eduardo, que se licenciou do mandato em março e mudou-se para os Estados Unidos, justificou sua saída como uma resposta àquilo que classificou como “perseguição política” contra seu pai. Desde então, passou a utilizar suas redes sociais para divulgar mensagens com tom crítico às instituições brasileiras, especialmente em relação ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.


“Há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na ação penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação”,

afirmou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em sua petição.

Na quarta-feira (28), o Departamento de Estado dos EUA anunciou restrições de entrada no país para estrangeiros envolvidos em ações de censura contra cidadãos e empresas norte-americanas. Tais medidas podem ser estendidas também aos familiares dessas pessoas.


Em resposta à abertura do inquérito, Eduardo Bolsonaro publicou em sua conta no X (antigo Twitter): “Antes eu era chacota, hoje sou ameaça à democracia. Nos subestimaram e só recentemente acordaram para a gravidade das consequências – por isso estão batendo cabeça. Hoje o PGR deu mais um tiro no pé e confirmou o que sempre alertei: Brasil vive num Estado de exceção”.



Paralelamente ao caso de Eduardo, a deputada Carla Zambelli também entrou na mira das autoridades. Na quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes autorizou nova investigação contra a parlamentar por coação no curso do processo e por tentativa de obstrução de investigações ligadas a organizações criminosas. Segundo o despacho, sua atuação guarda semelhança com a de Eduardo Bolsonaro.


Ao ser questionado pela imprensa após o depoimento se teria mencionado Zambelli aos investigadores, Bolsonaro respondeu de forma direta: “Não tenho nada a ver com ela”.



A apuração segue em andamento e pode ampliar o alcance das investigações que envolvem figuras centrais do bolsonarismo em temas relacionados à tentativa de interferência no processo democrático brasileiro.


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