Carla Zambelli se licencia da Câmara após ordem de prisão

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), atualmente foragida da Justiça brasileira, teve sua licença parlamentar autorizada por 127 dias. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acatou o pedido nesta quinta-feira (5), sob justificativa de tratamento de saúde e interesses particulares.

Foto: Câmara dos Deputados

A vaga deixada temporariamente por Zambelli será ocupada pelo também deputado do PL-SP, Coronel Tadeu. O afastamento não implicará pagamento de salário ou verbas parlamentares à deputada, medida que, segundo a Câmara, já seria comum nesse tipo de licença.

Apesar do pedido de afastamento ter sido protocolado antes da determinação judicial, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi recebida no dia anterior e inclui ordens de bloqueio de valores e suspensão de benefícios parlamentares. Segundo a Câmara, essas determinações já foram iniciadas.

Zambelli deixou o Brasil na terça-feira (3), em direção aos Estados Unidos e, conforme informações de aliados, posteriormente viajou para a Itália — país do qual possui cidadania. A viagem ocorreu logo após sua condenação a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A fuga resultou na emissão de um mandado de prisão por parte do STF. Além disso, o nome da deputada foi inserido na lista de difusão vermelha da Interpol. Também foi determinado o bloqueio de seus passaportes e de suas contas bancárias. A Câmara, no entanto, informou que ainda não foi oficialmente notificada sobre esses itens específicos da decisão.

\"A decisão do STF a respeito da parlamentar foi recebida na quarta-feira (4) e o bloqueio de valores nela previsto teve o cumprimento determinado pela presidência\", esclareceu a Câmara em publicação no X.

A repercussão política tem sido intensa. A bancada de oposição manifestou solidariedade à deputada e questionou a decisão do STF. Enquanto isso, o advogado que representava Zambelli, Daniel Bialski, anunciou o rompimento com a cliente após não ser comunicado sobre sua saída do país.

Além das sanções já em curso, o Supremo Tribunal Federal abriu um novo inquérito contra Carla Zambelli, que investigará os crimes de coação no curso do processo e tentativa de obstrução de investigação criminal ligada a uma organização criminosa.

A Câmara reiterou que, por ora, não há outras providências administrativas a serem tomadas até que novas comunicações oficiais sejam recebidas do Judiciário.