Governo aposta em economia e visibilidade para recuperar apoio popular

Após queda nas pesquisas, gestão Lula planeja intensificar presença do presidente e anunciar medidas voltadas à classe trabalhadora

Por Plox

06/06/2025 08h11 - Atualizado há 2 dias

Diante dos resultados negativos das últimas pesquisas de opinião, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está se movimentando para tentar reverter o cenário desfavorável. A estratégia envolve aumentar a presença pública do petista e intensificar a divulgação de ações voltadas especialmente à classe trabalhadora.


Imagem Foto: Presidência


O levantamento mais recente, realizado pela Genial/Quaest, revelou que a desaprovação ao governo atingiu 57%, marca mais alta desde o início do mandato. Embora o número tenha se mantido estável em relação à sondagem anterior, que registrava 56%, ele confirma uma tendência de desgaste. Em maio, a AtlasIntel já havia apontado 53,7% de desaprovação, enquanto a Paraná Pesquisas, no fim de abril, indicava índice superior a 57%.



Outro dado preocupante da pesquisa Genial/Quaest é a avaliação negativa de 43%, considerada a pior até agora. Além disso, o levantamento mostra que Lula aparece tecnicamente empatado em cenários de segundo turno com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros quatro representantes da direita.



Com foco no segundo semestre, o governo aposta em dois pilares para recuperar apoio: indicadores econômicos positivos e medidas práticas com impacto direto na vida da população. Um dos principais trunfos mencionados é a recente desaceleração do IPCA-15, impulsionada pela redução nos preços de alimentos básicos como o tomate (-7,28%) e o arroz (-4,31%). A inflação da categoria de alimentos e bebidas caiu de 1,14% em abril para 0,39% em maio.



Para o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o cenário tende a melhorar. Ele atribui a alta da desaprovação à elevação dos preços nos últimos meses, mas acredita que uma safra recorde e a recente queda do dólar — que saiu de R$ 6,20 para R$ 5,70 — devem ajudar a reduzir a inflação. “É um outro momento, tenho absoluta convicção de que nas próximas avaliações esse quadro deve melhorar”, afirmou.



Além disso, o governo mira dados de emprego como ferramenta de recuperação de imagem. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), foram geradas 654 mil vagas com carteira assinada no primeiro trimestre de 2025.



Outra medida a ser anunciada nos próximos dias é uma nova linha de crédito destinada à reforma de casas, voltada especialmente à classe média e trabalhadora. A ideia é aproximar o governo das necessidades do cotidiano da população.



Nos bastidores, aliados do presidente acreditam que os escândalos recentes, como os descontos indevidos no INSS e a crise envolvendo o Pix, também contribuíram para o aumento da rejeição. Houve ainda desgaste com o anúncio mal recebido sobre mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que precisou ser revisto e ainda não teve solução definitiva apresentada.



Para enfrentar esse conjunto de desafios, o Palácio do Planalto aposta na exposição direta de Lula, tanto em eventos públicos quanto por meio das redes sociais e entrevistas. A percepção é de que o governo realiza boas ações, mas tem falhado na comunicação com a população.


“O Executivo tem feito boas ações, mas é necessário comunicá-las com mais efetividade”, apontam auxiliares do presidente

, que preferem se manter sob anonimato.

A pesquisa também indicou que 48% dos brasileiros sentem que a economia piorou no último ano, enquanto apenas 18% notaram melhora. Sobre o preço dos alimentos, apesar da queda na percepção negativa, 79% dos entrevistados ainda consideram que os custos continuam elevados.


Com esse panorama, o governo traça uma ofensiva para mudar a narrativa até o fim do ano e recuperar parte do capital político perdido.


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