Mercado monitora emprego nos EUA e tensão entre Musk e Trump agita cenário
Estabilidade no dólar, queda na Bolsa e debates sobre pacote fiscal marcam a sexta-feira econômica
Por Plox
06/06/2025 09h14 - Atualizado há cerca de 1 mês
O início da sexta-feira (6/6) foi marcado por uma discreta movimentação no mercado financeiro, com o dólar apresentando leve alta de 0,04% às 9h06, sendo cotado a R$ 5,589. Apesar da variação mínima, o cenário é de atenção máxima por parte dos investidores, tanto por fatores internos quanto externos.

No Brasil, ainda repercutem as expectativas em torno do novo pacote de medidas fiscais. O governo federal, junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por adiar o anúncio oficial para após uma reunião com os líderes do Congresso, marcada para o domingo (8/6). A proposta deve tratar de temas sensíveis, como o aumento das alíquotas do IOF, tributo que incide sobre operações de crédito, câmbio, seguros e valores mobiliários.
\"Estamos tendo esse cuidado todo porque dependemos do voto do Congresso Nacional. O Congresso precisa estar convencido que é o caminho mais convincente do ponto de vista macroeconômico\", declarou Haddad após encontro com o presidente Lula no Palácio da Alvorada.
O ministro também alertou para as especulações em torno das medidas: “Não é um mero anúncio que nos interessa”
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Enquanto isso, nos Estados Unidos, os olhares se voltam ao aguardado relatório de empregos de maio, conhecido como “payroll”. O indicador, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), revela a criação de vagas fora do setor agrícola e tem grande influência nas decisões do Federal Reserve sobre juros.
Em abril, o número surpreendeu positivamente, com 177 mil novas vagas — acima das expectativas. Para maio, a projeção é de 126 mil empregos criados. Um resultado acima disso pode reacender temores de um novo aperto na política monetária norte-americana.
Atualmente, o Fed mantém a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5% ao ano, patamar que permanece inalterado há três reuniões. Antes disso, houve três reduções consecutivas iniciadas em setembro do ano passado, encerrando um ciclo de cortes iniciado após cinco anos.
Além dos dados econômicos, o mercado acompanha um embate político que ganhou força internacionalmente: o desentendimento entre Elon Musk e o presidente dos EUA, Donald Trump. O bilionário criticou duramente um projeto de lei orçamentária que prorroga cortes de impostos e eleva gastos com defesa e controle de fronteiras.
Musk chegou a chamar o texto de “abominação repugnante” e alertou que ele pode ampliar o déficit dos EUA em até US$ 2,5 trilhões. Em resposta, Trump declarou estar “muito desapontado” com o empresário. Em retaliação, Musk insinuou que o presidente norte-americano estaria ligado ao escândalo envolvendo Jeffrey Epstein, e defendeu publicamente um possível processo de impeachment contra ele.
A tensão gerou repercussões imediatas no mercado financeiro. As ações da Tesla, empresa comandada por Musk, desabaram 14,26% na quinta-feira (5/6), a maior perda percentual desde setembro de 2020. Durante o dia, o recuo chegou a 18%. O prejuízo acumulado atingiu US$ 153 bilhões em valor de mercado. Nesta sexta-feira (6/6), no pré-mercado, os papéis da empresa indicavam uma recuperação de 4,7%.
Na véspera, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,586, com recuo de 1,05% — a menor cotação desde outubro de 2024. No acumulado de junho, a queda é de 2,32%, somando perdas de 9,62% ao longo de 2025. Já o Ibovespa, principal índice da B3, fechou o dia anterior em baixa de 0,57%, aos 136,2 mil pontos. Com isso, acumula retração de 0,58% no mês, mas ainda registra alta de 1,326% no ano.
Em meio a tantos fatores — da economia doméstica ao embate entre grandes figuras globais —, o mercado segue volátil e os investidores mantêm cautela, à espera dos próximos capítulos tanto em Brasília quanto em Washington.