Lula inaugura Cúpula do Brics com críticas à ordem global

No Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início à 17ª Cúpula do Brics, marcada por críticas à atual ordem internacional e defesa de um multilateralismo mais robusto.

Foto: Presidência

Durante a sessão plenária intitulada 'Paz e Segurança e Reforma da Governança Global', Lula destacou que este encontro ocorre em um dos momentos mais desafiadores para o cenário global, mencionando questões como mudanças climáticas, crises sanitárias e conflitos armados.

Em seu discurso, o presidente brasileiro afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU), ao completar 80 anos, enfrenta um 'colapso sem precedentes' do multilateralismo. Ele enfatizou que a autonomia dos países está ameaçada e que avanços em áreas como clima e comércio estão em risco.

Lula também criticou a recente decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que, segundo ele, alimenta a corrida armamentista. 'É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento', afirmou.

O presidente ressaltou que o Brics, agora com 11 membros após a recente expansão, deve desempenhar um papel ativo na redefinição da ordem internacional. Ele mencionou que o bloco é herdeiro do Movimento Não-Alinhado e que, diante dos ataques ao multilateralismo, sua atuação é ainda mais crucial.

Entre os líderes presentes na cúpula estão os presidentes da África do Sul, da Indonésia e da Etiópia. O presidente da China, Xi Jinping, não compareceu, sendo representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também esteve ausente, participando por videoconferência devido a um mandado de prisão internacional emitido contra ele.

À tarde, a cúpula continuará com discussões sobre 'Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial'. Esta é a primeira vez que o Brasil sedia a cúpula do Brics desde a expansão do grupo, que passou de cinco para 11 países membros desde 2011.