PT elege nova liderança nacional em meio a perdas históricas em redutos tradicionais
Com Edinho Silva como favorito, partido tenta se reestruturar após queda expressiva em Minas Gerais e São Paulo
Por Plox
06/07/2025 11h24 - Atualizado há cerca de 10 horas
Neste domingo (6), o Partido dos Trabalhadores (PT) realiza eleições internas para definir sua nova liderança nacional, em um momento em que a sigla enfrenta desafios significativos para reconquistar espaços políticos perdidos em seus tradicionais redutos.

O processo eleitoral interno ocorre após quase uma década sob a presidência de Gleisi Hoffmann. Agora, os filiados escolhem entre quatro candidatos, sendo o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, o favorito. Ligado à corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), Edinho conta com o apoio de figuras influentes como a própria Gleisi e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A votação acontece em cédulas de papel, com contagem manual, e envolve cerca de três milhões de filiados em todo o país. A expectativa é que os resultados preliminares sejam divulgados ainda na noite de domingo, com a consolidação dos dados prevista para a manhã de segunda-feira (7).
A eleição interna ocorre em um contexto de declínio da influência do PT em diversas regiões. Em Minas Gerais, por exemplo, o partido já governou o estado e várias cidades importantes, como a capital Belo Horizonte. Na região do Vale do Aço, considerado berço histórico do partido, a legenda não conseguiu eleger prefeitos em nenhuma dessas localidades, refletindo uma perda significativa de espaço político.

Em São Paulo, origem do partido, a situação é semelhante. Pela primeira vez desde sua fundação, o PT não lançou candidato próprio à prefeitura da capital nas eleições de 2020, optando por apoiar Guilherme Boulos (PSOL), que foi derrotado no segundo turno.
Diante desse cenário, os candidatos à presidência do partido têm enfatizado a necessidade de reconectar o PT com suas bases sociais e fortalecer novas lideranças. Edinho Silva defende a modernização da sigla e a ampliação do diálogo com outras forças políticas.
"Precisamos retomar o trabalho de base, retomar a política de nucleação e voltar a disputar corações e mentes junto à base da sociedade", afirmou.
Outros candidatos, como Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira, representam alas mais à esquerda do partido e têm feito críticas à atual direção, defendendo uma postura mais combativa e alinhada com os movimentos sociais. Pomar, por exemplo, argumenta que a eleição de um nome da oposição interna poderia aumentar as chances do PT nas eleições de 2026.

A escolha do novo presidente do PT será oficializada em um encontro nacional da sigla, previsto para os primeiros dias de agosto. Nesse evento, também será discutida a estratégia eleitoral para 2026, incluindo a possível candidatura de Lula à reeleição.
Pesquisas recentes indicam que 57% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria tentar um novo mandato. Apesar disso, o presidente lidera as intenções de voto em todos os cenários de primeiro turno, embora sua vantagem tenha diminuído nas simulações de segundo turno.
O novo presidente do PT terá a missão de reverter o declínio do partido e reconquistar a confiança do eleitorado, especialmente em regiões onde a sigla já teve forte presença. A tarefa inclui modernizar a comunicação, fortalecer as bases e apresentar propostas que dialoguem com as demandas da sociedade atual.
A eleição interna deste domingo é, portanto, um passo crucial para o futuro do PT, que busca se reinventar e recuperar sua influência no cenário político brasileiro.