Minas Gerais reconhece Congados e Reinados como Patrimônio Cultural Imaterial

Festival Cozinha das Afromineiridades celebra cultura afromineira em BH com eventos gratuitos e anúncio de novos editais

Por Plox

06/08/2024 15h00 - Atualizado há cerca de 1 mês

Minas Gerais deu um importante passo na preservação de sua rica herança cultural ao declarar os Congados e Reinados como Patrimônio Cultural Imaterial do estado. Este reconhecimento foi celebrado com o 1º Festival Cozinha das Afromineiridades, ocorrido na sexta-feira (02) e sábado (03), no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. O evento, com entrada gratuita, ofereceu uma programação diversificada, incluindo bate-papo, cortejo, cozinha viva, oficinas e apresentações culturais.

Editais de incentivo à cultura

Durante o evento, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) anunciaram dois editais de incentivo à cultura, totalizando aproximadamente R$ 4 milhões. O Prêmio Rainha Conga destinou 65 prêmios de R$ 20 mil cada, exclusivamente para mulheres, enquanto o Prêmio Afromineiridades distribuiu 65 prêmios de R$ 40 mil cada. Ambos editais visam fortalecer as culturas tradicionais e populares de Minas Gerais, por meio do Descentra Cultura – Fundo Estadual de Cultura.

Foto: Plox

Programação do festival

O Festival Cozinha das Afromineiridades começou na sexta-feira (2), às 17h, com a Feira Afro, onde barracas de alimentos produzidos por integrantes de congados e quilombos mineiros estavam disponíveis. Às 19h, a roda de conversa “Vivência com a Rainha Conga de Minas Gerais” contou com a presença da Rainha Belinha, presidente da Guarda Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário.

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No sábado (3), a feira continuou das 9h às 22h. Às 15h, a oficina “Toadas dos Congados” foi ministrada pela Capitã Pedrina de Lourdes. Às 17h, a banda Congadar fez uma apresentação especial, misturando ritmos do congado com rock. Também houve duas sessões de Cozinha Viva, apresentadas por representantes da Comunidade Quilombola dos Arturos, distribuindo 1.500 pratos para degustação. O dia encerrou com o ritual de descimento do Mastro às 18h.

Reunião do Conep e cortejo cultural

Na manhã de sábado, o Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) se reuniu para apresentar o dossiê sobre os congados e reinados, organizado pelo Iepha-MG. Após a apresentação, os membros deliberaram sobre o reconhecimento oficial dessas expressões culturais. Seguindo a reunião, um grande cortejo com cerca de 1.500 congadeiros de mais de 30 ternos desfilou do Palácio das Artes ao Palácio da Liberdade, onde continuou a programação do festival.

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Preservação da cultura afromineira

O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, destacou a importância de preservar as culturas populares e tradicionais de Minas Gerais. Ele afirmou que as Congadas e Reinados de Nossa Senhora do Rosário, elementos de resistência, fé e arte, representam a raiz profunda da formação cultural do estado. “Violas, violões, tambores, mastros, cantorias e rezas marcam a tradição e festejos nas nossas ruas e igrejas”, ressaltou Oliveira, enfatizando também a importância da preservação dessas culturas na luta contra a discriminação e o racismo.

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Registro e salvaguarda das tradições

Desde 2021, o Iepha vem catalogando e pesquisando as expressões culturais dos congados e reinados, com mais de 900 cadastros recebidos de todas as regiões de Minas Gerais. O registro como Patrimônio Cultural garantirá a continuidade dessas tradições por meio de ações baseadas nas demandas dos próprios detentores culturais, ancoradas em quatro eixos de salvaguarda: transmissão da tradição e valorização; gestão participativa e sustentabilidade; apoio e fomento; promoção e difusão. Parte da reunião do Conep foi transmitida pelo canal oficial do Iepha no YouTube, permitindo que os ternos e guardas de congado acompanhassem a votação e seguissem em cortejo para o Palácio da Liberdade após a deliberação.

Celebração e preservação

A celebração no Palácio da Liberdade incluiu a ereção da histórica bandeira de Nossa Senhora do Rosário e a exibição da bandeira de ferro fundido de Ouro Preto, produzida com técnicas africanas e encontrada em 2020. Este festival e os novos editais reforçam o compromisso do Governo de Minas Gerais com a preservação e valorização das culturas afromineiras, reafirmando a potência dos povos negros na formação cultural do estado.

Foto: Plox
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