Avião da Gol atinge carro na pista do Galeão após liberação indevida da torre
Relatório do Cenipa revela que desatenção, uso de celular e informalidade na torre causaram colisão com aeronave em alta velocidade
Por Plox
06/08/2025 18h30 - Atualizado há 2 dias
O relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) revelou os motivos que levaram à colisão entre um avião da Gol e uma picape de manutenção na pista do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano.

Segundo o documento, a torre de controle liberou a decolagem do Boeing 737-8 MAX, que estava a 200 km/h, sem confirmar se a pista estava desobstruída. A aeronave acabou atingindo o veículo da concessionária, que realizava serviços de manutenção no balizamento noturno e estava parado na Pista 10. O impacto destruiu a picape e causou danos estruturais no avião, que levava 103 passageiros e 6 tripulantes com destino a Fortaleza. Ninguém no avião se feriu, e os dois ocupantes do carro sofreram apenas ferimentos leves.
O Cenipa destacou que a principal falha foi a liberação indevida da decolagem por parte do controlador de tráfego aéreo, que desativou o sistema eletrônico Tatic — responsável por sinalizar interdições na pista — sem a devida confirmação da retirada do veículo. Além disso, o supervisor da torre, que oficialmente não estava em serviço, mas seguia exercendo funções, foi flagrado manuseando o celular no momento crítico da liberação.
A investigação apontou ainda um ambiente de trabalho marcado por informalidade excessiva e comportamentos incompatíveis com a segurança operacional, como o uso tolerado de celulares e conversas não relacionadas à função, fatores que contribuíram para a falha no procedimento.
Outro ponto relevante foi a identificação de limitações estruturais na torre de controle, como pontos cegos causados por vegetação que dificultam a visualização da pista à noite. As cadeiras dos operadores também estavam abaixo do nível ideal de visão, comprometendo a vigilância adequada.
A administração do aeroporto, RIOgaleão, afirmou que já implementou todas as recomendações operacionais sob sua responsabilidade e que aprimorou os processos internos antes mesmo da conclusão do relatório. A Força Aérea Brasileira, responsável pelo Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL), ainda não se pronunciou.