Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, é acusado de assédio sexual por professora
Enfrenta acusações após professora Isabel Rodrigues relatar em vídeo abuso ocorrido em 2019
Por Plox
06/09/2024 18h48 - Atualizado há 4 meses
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais nesta sexta-feira (6), a professora Isabel Rodrigues, de Santo André (SP), acusou o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, de assédio sexual. Segundo Isabel, o episódio ocorreu em 3 de agosto de 2019, durante um almoço com a presença de outras pessoas.
Isabel afirmou que o ministro "invadiu suas partes íntimas sem consentimento" enquanto estavam sentados lado a lado.
Decisão de denunciar
Isabel relatou que o assédio foi tema de diversas sessões de terapia e discussões com suas irmãs e amigos próximos, mas que o medo a impediu de denunciar anteriormente. "Pensei muitas vezes em denunciar. Não o fiz por vários motivos, e o motivo maior foi o medo disso se voltar contra mim", afirmou, mencionando o conhecimento jurídico do ministro como um fator que poderia dificultar o andamento de uma possível denúncia.
Em seu depoimento, Isabel enfatizou que tomou a decisão de tornar pública a acusação para dar voz a todas as vítimas de violência sexual. “Faço por mim, faço por todas as pessoas, sejam crianças, jovens, adultos, homens ou mulheres que têm seus corpos invadidos. É inadmissível, ocasionam traumas praticamente impossíveis de serem superados. Somos a voz dessas mulheres e de todos que sofrem violência sexual”, disse.
Motivação e apoio a outras vítimas
A professora também declarou que sua decisão de expor o caso agora foi influenciada pelas críticas e julgamentos sofridos pelas outras mulheres que denunciaram Silvio Almeida. "Faço essa declaração pública pelo compromisso com a verdade e a justiça", afirmou. Isabel reforçou que as mulheres estão sendo injustamente acusadas de fazerem parte de um complô contra o ministro. "O corpo do outro é um templo sagrado que deve ser respeitado. Deve!”, concluiu.
Outras denúncias e posicionamento de Silvio Almeida
As acusações contra Silvio Almeida vieram à tona na quinta-feira, por meio do colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, e foram confirmadas pela organização Me Too Brasil, que acolhe vítimas de assédio sexual. A entidade, entretanto, não divulgou a identidade das vítimas, mas, segundo o colunista, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, estaria entre as denunciantes.
Silvio Almeida negou as acusações através de uma nota oficial e de um vídeo publicado em suas redes sociais. O ministro classificou as denúncias como "mentiras" e "ilações absurdas" com o objetivo de prejudicá-lo. “O que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, afirmou na nota.
Futuro incerto na Esplanada
Diante das denúncias, o futuro de Silvio Almeida como ministro dos Direitos Humanos será decidido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula se reunirá com o controlador-Geral da União, Vinícius Carvalho, o advogado-Geral da União, Jorge Messias, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir o caso.
O presidente já indicou que a permanência de Almeida no governo é improvável, afirmando que "não é possível a continuidade" do ministro frente às acusações. "Não posso permitir assédio. Vamos ter que apurar corretamente, mas não acho possível a continuidade no governo”, disse Lula à Rádio Difusora de Goiânia.
Lula também garantiu que o ministro terá direito à defesa e que as acusações serão investigadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Comissão de Ética Pública da presidência. "Alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Só tenho que ter o seguinte bom senso: é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência”, destacou.
Reações e apoio feminino
A primeira-dama, Janja, manifestou apoio silencioso à ministra Anielle Franco, publicando uma foto nas redes sociais onde aparece beijando a testa da ministra. Lula comentou sobre o gesto, afirmando que é uma "demonstração inequívoca de que as mulheres estão juntas".
O desenrolar das investigações e a decisão sobre a continuidade de Silvio Almeida no governo são aguardados para os próximos dias, enquanto a repercussão das denúncias continua a ganhar destaque.