Por que a educação financeira é importante para o brasileiro?
Desvio na percepção de quanto ganha e gasta é um dos principais erros ao administrar o orçamento
Por Plox
06/10/2021 16h58 - Atualizado há mais de 3 anos
Quando o assunto é educação financeira da população, o Brasil ocupa o 74º lugar no ranking mundial, de acordo com um levantamento da S&P (Standard and Poors) - agência de rating mundialmente. Dados da pesquisa ainda apontam que as 15 primeiras posições são de países de primeiro mundo como Noruega, Dinamarca e Suécia, que ocupam os três primeiros lugares, respectivamente. Além de possuírem uma grande riqueza, os países investem na formação financeira dos cidadãos.
Thiago Martello, fundador da Martello Educação Financeira, explica que o brasileiro carece da falta de planejamento financeiro por vários motivos, um dos principais é o erro na percepção de quanto se ganha e se gasta. “A grande “falta” está em não saber administrar as entradas e saídas mensalmente, por isso, muitos ficam no vermelho e/ou entram numa bola de neve”, comenta.
Outro fator que desfavorece o Brasil na falha da organização do dinheiro é a inflação, que impacta diretamente nos preços dos produtos e serviços, não só por interferir no poder de compra (desvalorização da moeda), mas também no ganho real dos investimentos.
Educação financeira em dia
- Abaixo, um destaque dos principais benefícios em ter uma saúde financeira em dia:
- Bem-estar, qualidade de vida e saúde física e emocional;
- Fortalecimento da estrutura familiar e social;
- Realização de sonhos;
- Planejamento do futuro: aposentadoria digna, tranquilidade para os herdeiros e sucessores;
- Tranquilidade para cobrir imprevistos e emergências.
O brasileiro é “preguiçoso” ao administrar sua vida financeira
Atualmente, temos mais de 60 milhões de brasileiros com o nome negativado no Serasa, ou seja, praticamente ¼ da população nacional está inadimplente, de acordo com dados divulgados pelo Serasa em julho. O cenário atual, de crise econômica há alguns anos e, agravado pela pandemia do novo coronavírus, contribui para a instabilidade financeira do país. Parte desse cenário acontece por falta de organização com o dinheiro, que muitas vezes exige um comportamento que as pessoas não têm.
Ao falar de planilhas, apps e anotações para controle de todos os gastos, o brasileiro fica “preguiçoso”, pois precisa de tempo, disciplina e dedicação. Diante da vida corrida, se torna quase que impossível operacionalizar esses registros de forma frequente e sistemática.
A partir do momento que alguém decide procurar um educador ou planejador financeiro, já pensa: “Nossa, terei que anotar tudo em uma planilha”, e isso acaba sendo um empecilho. Atualmente, há recursos que facilitam essa prática na rotina acelerada. Um exemplo é a metodologia aplicada pela empresa, que visa educar por meio do “desplanilhe-se”.
O objetivo é ensinar as pessoas a usarem de forma correta, e totalmente, os recursos que o mercado disponibiliza, que muitas vezes elas já têm. Com isso, se tira proveito para que a organização financeira aconteça de forma automática e em tempo real. “Quando vencemos essa etapa de organização, vamos um pouco além, apresentamos uma forma de equilíbrio financeiro que coloca travas, também automáticas, para não estourar o orçamento, tudo isso adequado à realidade e prioridade das famílias”, comenta Thiago Martello.
A grande maioria dos clientes chega em uma situação bem delicada, alguns deles não enxergam mais saída, sem luz no fim do túnel, ou seja, quase sempre o brasileiro é pego pela dor e não pelo amor, de acordo com dados registrados pela própria Martello.
Falta da educação financeira a longo prazo
A longo prazo, imprevistos para quem não possui educação financeira são muito perigosos. Eventos como compra de remédios, dar sequência a um inventário ou pagar uma dívida muito alta, que surgiu do “nada”, podem comprometer outras pessoas, além de quem sofreu esses contratempos, como parentes e amigos, que acabam dando uma “mão amiga” em momentos de urgência.
“Há pesquisas que indicam que parte do comprometimento da renda dos adultos da geração X, nascidos entre 1965 e 1980, e Y, nascidos entre 1981 e 1995, é justamente para ajudar os pais, que entram na terceira idade com uma dependência financeira, por exemplo”, explica Martello.
A situação pode se agravar ainda mais quando a falta de educação financeira começa a afetar as contas básicas, como conta de luz, combustível e até mesmo alimentação. Além disso, esse fator da “falta” de organização com o dinheiro pode custar a estrutura familiar, ou até mesmo a vida de um indivíduo, como no caso de uma pessoa sem plano de saúde, dependendo do sistema público, para o tratamento de uma doença grave.
“Vale ressaltar que a educação financeira deve ser a base, pois permeia e impacta outras áreas da vida das pessoas. Além disso, em uma esfera mais ampla, a falta de organização com o dinheiro impacta diretamente no cenário econômico e geração de riqueza do país”, comenta Martello.
A longo prazo, a tendência de um país com uma população sem educação financeira é se tornar cada vez mais pobre, com maior distância entre classes sociais e, com isso, muitos problemas associados, como aumento do índice de criminalidade e violência.