"Lista Suja" do trabalho escravo apresenta número recorde de empregadores
Famosa cervejaria Kaiser, ligada ao Grupo Heineken, é uma das empresas incluídas; Minas Gerais lidera com mais casos registrados
Por Plox
06/10/2023 14h25 - Atualizado há quase 2 anos
A mais recente "Lista Suja" do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 5 de outubro, trouxe um número inédito de empregadores que expuseram trabalhadores a condições análogas à escravidão. Esta edição incluiu 204 novos empregadores, sendo o maior acréscimo desde o início de sua publicação em 2003. Notavelmente, a conhecida cervejaria Kaiser, associada ao Grupo Heineken no Brasil, também figura na lista.

Setores e regiões mais afetados
Dos novos empregadores, a produção de carvão vegetal lidera com 23 registros, seguida pela criação bovina (22), serviços domésticos (19), cultivo de café (12) e extração de pedras (11). Regionalmente, Minas Gerais apresentou o maior número de casos com 37 registros, seguido por São Paulo (32) e Pará (17).
No total, os 473 empregadores listados submeteram 3.773 trabalhadores a condições degradantes. Desde 1995, mais de 61 mil pessoas foram resgatadas de situações assim, conforme dados do MTE.
Motivações e implicações
Lydiane Machado e Silva, vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da Procuradores de Trabalho (ANPT), apontou que o aumento da pobreza, acentuado pela pandemia, juntamente com o reforço da fiscalização, são fatores que explicam o crescimento dos registros. Ela destaca condições de trabalho insalubres, como alojamentos precários e alimentação inadequada, frequentemente observados. A situação de mulheres no trabalho doméstico também tem se agravado.
Pronunciamento da Heineken
Em resposta, o Grupo Heineken expressou surpresa sobre o ocorrido em 2021 envolvendo uma de suas prestadoras de serviços, a Transportadora Sider. A empresa destacou medidas tomadas em apoio aos trabalhadores afetados e ações para prevenir recorrências. A Transportadora Sider, por sua vez, ainda não se pronunciou sobre a situação, conforme reportado pela "Agência Brasil".