Casos de intoxicação por metanol sobem para 225 e acendem alerta nacional

Ministério da Saúde amplia estoques de antídotos e investigações se intensificam após mortes e contaminações em diversos estados

Por Plox

06/10/2025 07h34 - Atualizado há 7 dias

O número de notificações de intoxicação por metanol no Brasil subiu para 225, gerando uma mobilização urgente das autoridades de saúde e segurança. O dado foi divulgado neste domingo (5/10) pelo Ministério da Saúde, que já reforçou os estoques de antídotos e ampliou as ações de vigilância toxicológica em todo o território nacional.


Imagem Foto: Pixabay


Dessas notificações, 16 foram confirmadas e 209 seguem em investigação. A maioria dos casos está em São Paulo, que concentra 192 registros – sendo 14 confirmados, dois óbitos reconhecidos oficialmente e sete ainda em apuração. O estado também lidera nas ações de combate à falsificação de bebidas.


No total, os casos estão distribuídos por 14 estados e o Distrito Federal. Pernambuco, por exemplo, investiga três mortes entre dez casos suspeitos. Mato Grosso do Sul apura dois óbitos entre cinco notificações. Goiás e Rio Grande do Sul têm dois casos cada. Já o Distrito Federal, Mato Grosso, Rondônia, Rio de Janeiro, Paraíba e Piauí registraram ocorrências pontuais. Bahia e Espírito Santo tiveram os casos descartados.



Ao todo, 15 mortes são associadas à ingestão de metanol: duas confirmadas em São Paulo e 13 em análise, com vítimas também na Paraíba e no Ceará. Um caso emblemático foi confirmado na Paraíba: um homem de 32 anos morreu no Hospital de Trauma de Campina Grande após consumir bebida contaminada.


Em Minas Gerais, um alerta emitido por Santa Maria do Suaçuí acabou sendo descartado após análise do CIATox/MG, ligado ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que o aumento nas notificações se deve ao aprimoramento da vigilância, e não necessariamente a uma explosão de novos casos.


“Quando o médico faz a notificação, o Centro de Referência em Toxicologia já oferece suporte técnico, orienta o protocolo e ajuda a rastrear a origem da bebida”, afirmou Padilha. $&&$“É uma estratégia que fortalece tanto a resposta médica quanto a investigação policial”$, completou.


Os primeiros sintomas começaram a surgir no fim de agosto, mas só no final de setembro houve alerta nacional, com registros concentrados na capital paulista. Marcas conhecidas de vodca, gim e uísque estão entre as bebidas adulteradas. Casos graves foram relatados, como o de um jovem de 27 anos internado em coma após consumir gim em uma confraternização. Outro homem perdeu a visão após tomar caipirinha em um bar dos Jardins, região nobre de São Paulo.


Especialistas apontam que o metanol, utilizado em combustíveis e produtos de limpeza, pode ser adicionado em bebidas falsificadas para reduzir custos e aumentar o teor alcoólico. Quando ingerido, é metabolizado pelo fígado em ácido fórmico, substância que pode causar lesões irreversíveis no sistema nervoso e na visão.


Os sintomas iniciais – como tontura, náuseas, sonolência e dor de cabeça – evoluem, entre 6 e 24 horas, para visão turva, confusão mental e dificuldade respiratória. Mesmo em pequenas quantidades, o metanol pode provocar cegueira, coma e morte.



A principal suspeita da polícia é de que fábricas clandestinas estejam utilizando metanol contrabandeado para higienizar garrafas reutilizadas antes do envase. Em São Paulo, mais de mil garrafas foram apreendidas, e um homem acusado de ser um dos principais fornecedores do material foi preso com 20 mil frascos falsificados, rótulos, tampas e selos de grandes marcas.


O Deic afirma que o esquema abastecia bares e distribuidoras em diversas cidades. Somente nos últimos dias, 11 estabelecimentos foram interditados e 41 prisões efetuadas em ações que passaram por Diadema, Jacareí, Santo André e Jundiaí.



Para combater a crise, o Ministério da Saúde distribuiu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico e adquiriu outras 12 mil, além de 2,5 mil doses de fomepizol, um antídoto importado com apoio da Opas. Ambos os medicamentos impedem que o metanol se transforme em substâncias tóxicas no organismo.


A Anvisa também identificou 609 farmácias de manipulação com capacidade para produzir o etanol farmacêutico, garantindo a oferta em todo o país, sob prescrição médica e supervisão especializada.


As autoridades recomendam evitar bebidas destiladas de procedência duvidosa, conferir o selo fiscal, desconfiar de preços muito baixos e inutilizar garrafas vazias, prática apoiada pela Abrasel para dificultar a ação de falsificadores.


O ministro Padilha foi categórico: “Evitem bebidas destiladas com tampa de rosca. A prioridade agora é preservar vidas”.


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