Vitória de Trump gera apreensão mundial: 'O dia amanheceu mais tenso', diz Haddad
Ministro da Fazenda expressa preocupação com os efeitos da volta de Trump ao poder nos EUA, mas acredita em possível moderação nas políticas adotadas pelo presidente eleito.
Por Plox
06/11/2024 10h48 - Atualizado há 2 meses
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira (6) que a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos gerou um clima de “tensão” global. Trump venceu a candidata Kamala Harris, e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já reconheceu o resultado.
Em entrevista a jornalistas, Haddad manifestou preocupação quanto ao tom radical adotado por Trump durante sua campanha, mas acredita que, ao assumir a presidência, suas ações podem diferir do discurso eleitoral. “Na campanha, muitas declarações causaram apreensão não só no Brasil, mas no mundo inteiro. O dia amanheceu mais tenso. Porém, entre o que foi dito e o que será feito, nem sempre tudo se traduz como anunciado”, explicou o ministro.
Maioria no Congresso e possíveis impactos no Brasil
Haddad destacou ainda que Trump deve contar com uma maioria “inequívoca” tanto na Câmara quanto no Senado dos EUA, o que aumentará sua liberdade para implementar políticas. O novo governo norte-americano tomará posse em 20 de janeiro. Enquanto isso, segundo o ministro, o Brasil deve focar em fortalecer suas finanças para minimizar o impacto das decisões da administração Trump.
Questionado sobre os reflexos da vitória de Trump na política interna brasileira e um possível fortalecimento da direita bolsonarista, Haddad foi cauteloso. Ele pontuou que as dinâmicas eleitorais entre os dois países são distintas, e que a ascensão da extrema-direita é um fenômeno global desde 2016. "O importante é que a democracia continue resistindo", ressaltou.
Plano de corte de gastos no Brasil
Nesta quarta-feira, Haddad informou que o governo brasileiro concluiu reuniões com ministros para discutir o plano de corte de gastos, que deve ser anunciado nos próximos dias. O impacto da vitória de Trump já se reflete nos mercados internacionais, pressionando o câmbio e levando o dólar a ultrapassar R$ 6,00.
O próximo passo será a apresentação das propostas ao presidente Lula, que deve discutir as medidas com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Após a reunião com o presidente, farei o contato com Lira para detalhar o procedimento”, comentou Haddad.
Entre as áreas que podem ser afetadas pelos cortes estão o Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, além do seguro-desemprego, abono salarial e alguns fundos constitucionais.