Tensão na América do Sul: Lula convoca reunião urgente diante da ofensiva de Maduro sobre território guianense
Conflito territorial ganha destaque com ações de Nicolás Maduro para anexar Essequibo; Brasil reforça segurança em Roraima
Por Plox
06/12/2023 14h46 - Atualizado há mais de 1 ano
Em uma movimentação geopolítica de grande relevância para a América do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião emergencial para esta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, às 18h30, com o chanceler Mauro Vieira e o embaixador Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais. A reunião tem como pauta principal a decisão recente do presidente venezuelano Nicolás Maduro de anexar parte da região guianense de Essequibo, área rica em petróleo e que compreende 70% do território da Guiana.

Ações de Maduro e Resposta Brasileira As declarações de Maduro ocorreram na terça-feira (5), marcando uma ofensiva para acelerar a aquisição do território de Essequibo. Paralelamente, autoridades brasileiras e de outros países do Mercosul encontram-se no Rio para a reunião do Conselho do Mercado Comum do bloco. Mauro Vieira, ao chegar no Museu do Amanhã para o evento, comentou à Reuters nesta quarta-feira que, apesar das crescentes tensões, não vê riscos de um conflito armado entre Venezuela e Guiana.
Reforço Militar na Fronteira Nesse contexto, o Ministro da Defesa, José Múcio, assegurou que a tríplice fronteira em Roraima está protegida pelas Forças Armadas brasileiras, descartando o uso desta área por tropas venezuelanas. Além disso, o Ministério da Defesa anunciou um aumento significativo do efetivo militar em Roraima, fronteiriço à Guiana e Venezuela. Isso inclui o envio de 60 militares adicionais à unidade de Pacaraima, totalizando 130 efetivos, e 28 veículos blindados à região.
Equipamento Militar Detalhado Entre os veículos enviados, destacam-se 6 viaturas blindadas Guarani, 6 veículos Cascavel e 16 Guaicurus, com capacidades variadas de transporte e defesa. A incorporação desses equipamentos visa reforçar a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, ampliando o esquadrão para regimento.
Repercussões Globais e Regionais A incursão de Maduro por Essequibo tem potencial de desestabilizar a política e economia da América do Sul, com implicações para Estados Unidos e França. O presidente venezuelano mobilizou tropas, mas para acessar Essequibo por terra, seria necessário passar pelo território brasileiro, motivando a resposta militar do Brasil.
Maduro Ignora Apelos Internacionais Maduro desconsiderou até mesmo apelos de aliados como Lula, que durante a COP-28 em Dubai, pediu "bom senso". O presidente venezuelano anunciou na terça-feira uma lei para criar o Estado de Guiana Essequiba e nomeou um general como autoridade da área, ordenando a PDVSA a começar a extração imediata de recursos naturais.
Guiana Responde à Ameaça Venezuelana O presidente da Guiana, Irfaan Alí, classificou as ações de Maduro como uma ameaça à integridade territorial, soberania e independência política da Guiana. Alí anunciou que levará o caso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e já entrou em contato com o secretário-geral da ONU e o Comando Sul dos Estados Unidos.
Implicações Militares e Econômicas A disputa por Essequibo ganhou força após a descoberta de grandes reservas de petróleo pela ExxoMobil em 2015. Maduro acusou os EUA de provocação e propôs uma lei para proibir contratos com petroleiras operando na região sob concessões da Guiana. Enquanto a Guiana tem um contingente militar limitado e orçamento de US$ 90 milhões, a Venezuela possui cerca de 140 mil militares ativos e gastos de US$ 4,8 bilhões, além de equipamentos militares modernos.