Economia

Poupança tem quinto mês seguido de saques e perde espaço para renda fixa

Com saques líquidos de R$ 2,857 bilhões em novembro e R$ 90,9 bilhões no ano, poupança perde atratividade diante da Selic a 15% e impulsiona migração para Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs

06/12/2025 às 07:19 por Redação Plox

Os brasileiros continuam retirando mais dinheiro da caderneta de poupança do que aplicando. Em novembro de 2025, os saques superaram os depósitos em R$ 2,857 bilhões, marcando o quinto mês consecutivo de saldo negativo, de acordo com dados do Banco Central divulgados na sexta-feira (5). Ao todo, foram sacados R$ 344,6 bilhões, contra R$ 342,75 bilhões depositados.

Caderneta de poupança

Caderneta de poupança

Foto: Agência Brasil


No acumulado de 2025, as retiradas líquidas já somam R$ 90,9 bilhões. Entre janeiro e novembro, os correntistas sacaram R$ 3,93 trilhões e depositaram R$ 3,83 trilhões na poupança. Em novembro, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou saldo negativo de R$ 519,407 milhões, enquanto a poupança rural teve saques líquidos de R$ 2,3 bilhões.

Inflação alta, juros elevados e pressão sobre as famílias

Mesmo com o movimento de retiradas, o saldo total da poupança ainda é de cerca de R$ 1 trilhão. Em novembro, os valores aplicados renderam aproximadamente R$ 5,6 bilhões. O aumento dos saques é associado à combinação de inflação elevada e endividamento das famílias, o que leva muitos brasileiros a resgatar recursos para cobrir gastos do dia a dia e dívidas, priorizando a liquidez imediata.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está estimado em 4,68%. Diante desse cenário de preços ainda pressionados, o Banco Central mantém uma política monetária mais restritiva e segura a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Essa taxa elevada estimula a migração para aplicações que acompanham os juros e oferecem rendimento superior ao da poupança, como Tesouro Direto, LCI e LCA.

Como funciona hoje o rendimento da poupança

Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a regra em vigor determina que a poupança renda 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). A TR, porém, está próxima de 0%, o que na prática faz com que o ganho do poupador fique concentrado nesses 0,5% mensais, em um cenário em que outros ativos atrelados aos juros pagam bem mais.

Alternativas para quem quer sair da poupança

A poupança costuma ser a porta de entrada para o mundo dos investimentos, especialmente pela simplicidade e pela segurança. Mas há títulos tão seguros quanto ela, com proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em muitos casos, que podem render mais e se beneficiar do atual nível da taxa Selic.

Entre as principais alternativas estão os CDBs, LCIs, LCAs e títulos públicos, que permitem ao investidor ajustar o risco, o prazo e o retorno esperado de acordo com seus objetivos financeiros.

CDB, LCA e LCI: renda fixa do setor privado

Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos emitidos por bancos para captar recursos. Eles podem ter rentabilidade pós-fixada — geralmente atrelada a um percentual do CDI, que acompanha de perto a Selic —, prefixada, com taxa definida no momento da aplicação, ou híbrida, combinando uma parte fixa e outra indexada a um índice de preços ou taxa de juros.

As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são parecidas com os CDBs na estrutura de remuneração, mas direcionam recursos para os setores imobiliário e do agronegócio. A grande vantagem para pessoas físicas é a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, o que pode tornar o retorno líquido mais atrativo em comparação com a poupança.

Tesouro Selic: opção conservadora com liquidez diária

O Tesouro Selic, também conhecido como Letra Financeira do Tesouro, é um título público pós-fixado emitido pelo Tesouro Nacional. Na prática, representa um empréstimo do investidor ao governo federal para financiar suas atividades.

Esse papel tem liquidez diária — o investidor pode vender o título de volta ao Tesouro em qualquer dia útil — e sua rentabilidade acompanha a variação da Selic. Por ter baixo risco de crédito e alta liquidez, é visto como uma alternativa conservadora para quem quer sair da poupança sem abrir mão de segurança.

Tesouro Prefixado: previsibilidade para o longo prazo

Já a Letra do Tesouro Nacional (Tesouro Prefixado) oferece uma taxa de juros fixa definida no momento da compra. Assim, o investidor sabe exatamente quanto receberá se carregar o título até o vencimento, o que proporciona previsibilidade para objetivos de médio e longo prazo.

Como a taxa é travada na aplicação, esses títulos tendem a ter menos volatilidade se mantidos até o fim, embora o preço possa oscilar no meio do caminho conforme o mercado ajusta suas expectativas de juros.

Tesouro IPCA+: proteção contra a inflação

O Tesouro IPCA+, também conhecido como Nota do Tesouro Nacional Série B, combina uma taxa de juros fixa, definida na hora da compra, com uma parte pós-fixada atrelada à variação do IPCA. Dessa forma, o investidor garante um ganho real acima da inflação se levar o papel até o vencimento.

Por proteger o poder de compra no longo prazo, o Tesouro IPCA+ é frequentemente usado para planejar metas como aposentadoria, educação dos filhos ou outros projetos de maior duração, funcionando como um instrumento de blindagem contra a perda de valor do dinheiro em cenários de inflação persistente.

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