Maior loja de jiboias da América Latina impulsiona mercado de cobras como pets em Betim

Biólogos e especialistas destacam a praticidade e o custo reduzido de manutenção como fatores que atraem novos donos de animais exóticos.

Por Plox

07/01/2025 08h18 - Atualizado há 3 meses

O mercado de animais exóticos tem ganhado força no Brasil, especialmente em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde está localizado o maior criatório de jiboias da América Latina. O Jibóias Brasil, fundado pelo biólogo e empresário Tiago de Oliveira, gera um faturamento anual de R$ 1 milhão com a comercialização de jiboias e jiboias arco-íris. “As cobras têm atraído compradores principalmente pela praticidade, pois dão pouco trabalho e gostam de ficar mais reclusas, facilitando a saída dos donos sem preocupação”, afirma Oliveira.

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Mercado em expansão e custos de aquisição

As cobras, cuja popularidade como pets vem crescendo, têm chamado a atenção de um público que busca alternativas aos animais de estimação tradicionais. O preço de uma jiboia varia entre R$ 2.500 e R$ 10 mil, podendo atingir valores como R$ 20 mil em casos de espécies raras. Além disso, há um investimento inicial necessário para a construção de terrários adequados, que podem custar entre R$ 1.500 e R$ 3 mil, dependendo dos materiais utilizados.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e o Instituto Pet Brasil (IPB), o número de répteis de estimação no país cresceu 7,6% entre 2022 e 2023, saltando de 2,6 milhões para 2,8 milhões.

Baixo custo e praticidade atraem novos donos

Um dos principais atrativos das cobras como animais de estimação é o baixo custo de manutenção. Filhotes de jiboia se alimentam a cada dez dias, enquanto os adultos têm uma dieta mensal ou até bimestral. O alimento principal, roedores congelados, é fornecido diretamente pela empresa. “Um roedor custa de R$ 4 a R$ 30. Como um animal adulto come pouco, o custo é bem acessível. Além disso, as cobras têm alta expectativa de vida, podendo viver até 40 anos”, explica Oliveira.

A bióloga Paula Grivielli, que recentemente adquiriu três cobras, destaca a praticidade como um dos motivos principais para sua escolha. “As cobras são silenciosas, não fazem bagunça e ficam bem sozinhas. Para mim, que já tive outros animais, foi uma solução perfeita”, afirma. Ela também relata que os répteis têm contribuído para o desenvolvimento emocional de seus filhos. “Eles aprenderam sobre responsabilidade e empatia ao cuidar de uma das cobras, que é cega dos dois olhos.”

Outros animais exóticos em alta

Além das cobras, aves ornamentais como papagaios e araras, e roedores como porquinhos-da-índia, também têm conquistado espaço entre os amantes de animais não convencionais. Ronaldo Torres, gerente da loja Ezootique, especializada em pets exóticos em Belo Horizonte, aponta um crescimento de 20% ao ano no setor. A loja oferece cerca de 16 espécies e faturou R$ 110 mil apenas em novembro de 2024.

Torres destaca que, embora alguns animais tenham custos elevados, como uma cacatua vendida por R$ 32 mil, a demanda é impulsionada pela singularidade desses pets. “Esses clientes geralmente já estão bem informados e preparados para cuidar dos animais.”

Regulamentação e cuidados necessários

Especialistas alertam que a compra de animais silvestres ou exóticos deve ser feita apenas em criadouros ou estabelecimentos autorizados. Em Minas Gerais, por exemplo, a permissão é concedida pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Além da nota fiscal, o comprador deve exigir o certificado de origem do animal e verificar sua autenticidade.

“O Ibama disponibiliza um sistema para validação de certificados via QR Code, o que ajuda a evitar fraudes e compras de animais provenientes de tráfico ou maus-tratos”, ressalta Oliveira.

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