Trump impõe novas tarifas e mira Shein e Temu

Fim de isenções tarifárias afeta gigantes chineses e pode encarecer produtos nos EUA

Por Plox

07/02/2025 10h48 - Atualizado há cerca de 1 mês

O governo de Donald Trump impôs novas tarifas sobre produtos importados da China, intensificando as tensões entre as duas maiores economias do mundo. A medida inclui o fim da isenção tarifária para encomendas de até 800 dólares (R$ 4.628), um benefício que plataformas como Shein e Temu utilizavam há anos para comercializar produtos nos Estados Unidos.

 Foto: Shein/Divulgação

Impacto nas plataformas chinesas
Empresas como Shein, Temu e AliExpress, que movimentam bilhões de dólares anualmente em roupas, eletrônicos e outros itens fabricados na China, terão que lidar com custos adicionais e maior burocracia. Essas companhias, que consolidaram uma forte presença no mercado americano, agora enfrentam a necessidade de adaptação para continuar competitivas.

Segundo Mingzhi Jimmy Xu, professor adjunto da Universidade de Pequim, essas plataformas "provavelmente se adaptarão, mas isso pode ser em detrimento da acessibilidade e da diversidade dos produtos que as tornaram um sucesso".

Crescimento das importações sob isenção
Nos últimos dez anos, o volume de encomendas sem tarifas cresceu 600% nos Estados Unidos, atingindo 1,36 bilhão de pacotes em 2024. Esse modelo favoreceu gigantes chineses como Shein e Temu, mas também dificultou o controle de exigências regulatórias por parte do governo americano, especialmente no que diz respeito à segurança dos produtos e propriedade intelectual.

Especialistas apontam que até 40% das vendas da Shein e cerca de 30% das da Temu vêm dos Estados Unidos, demonstrando a importância desse mercado para as plataformas.

Consumidores americanos sentirão o impacto
A decisão da Casa Branca não afeta apenas as empresas chinesas. O fim da isenção tarifária pode resultar em preços mais altos para os consumidores americanos, que se habituaram a comprar produtos de baixo custo dessas plataformas.

“A questão central está do lado do consumidor, que provavelmente não aceitará pagar taxas adicionais por necessidades básicas”, afirma Laëtitia Lamari, especialista em comércio eletrônico. Ela também destaca que não há muitas alternativas para os consumidores, já que até mesmo produtos baratos vendidos pela Amazon têm origem na China.

Possíveis adaptações e desafios
Para contornar as novas barreiras, as empresas podem investir em armazéns nos Estados Unidos ou firmar parcerias com distribuidores locais. Um exemplo é a Temu, que já trabalha com um modelo de envio em atacado para armazéns no exterior, em vez de enviar os produtos diretamente aos clientes.

No entanto, essa estratégia exige altos investimentos e pode comprometer a flexibilidade, um dos pontos-chave do sucesso dessas plataformas. “Os custos de gerenciamento de estoque podem reduzir a eficiência que tornou essas empresas tão competitivas”, alerta Xu.

Efeito global das novas regras
As mudanças nos Estados Unidos podem ter reflexos em outros mercados. A Comissão Europeia também anunciou planos para impor novas taxas sobre importações do comércio online, embora tenha negado que a medida esteja coordenada com Washington.

Além disso, de acordo com um memorando obtido pela Bloomberg, varejistas chineses já foram informados de que terão que pagar uma sobretaxa de 30% a intermediários logísticos. O impacto pode ser devastador não apenas para as grandes plataformas, mas também para centenas de milhares de pequenas e médias empresas chinesas e americanas que dependem desse modelo de negócios.

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