Após 11 pedidos de reintegração, acampamento do MST recebe visita de Lula

Presidente anuncia desapropriação de três fazendas em área ocupada por 459 famílias no Sul de Minas

Por Plox

07/03/2025 09h24 - Atualizado há cerca de 2 meses

O acampamento Quilombo Campo Grande, localizado em Campo do Meio, no Sul de Minas, tem sido um dos principais símbolos da luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pela reforma agrária no Brasil. Há quase três décadas, o local é alvo de disputas judiciais, com sucessivas tentativas de reintegração de posse.


Imagem Foto :MST


Nesta sexta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz sua primeira visita ao acampamento e anuncia a desapropriação de três fazendas na região. Serão destinadas à reforma agrária as fazendas Ariadnópolis, com mais de 3 mil hectares, além de Mata Caxambu e Potreiro, que somam mais de 400 hectares.


O gesto de Lula ocorre em um momento de reaproximação com o MST, após críticas do movimento ao governo e quedas na popularidade do presidente. O MST vinha cobrando mais medidas do governo em favor da reforma agrária.



O Quilombo Campo Grande foi formado em terras que pertenciam à antiga Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A, que encerrou suas atividades em 1996, deixando dívidas trabalhistas e impostos em aberto. Muitos ex-funcionários, sem receber indenizações, passaram a integrar o MST e a ocupar a área, organizando-se em 11 acampamentos distintos, como Betim, Chico Mendes, Rosa Luxemburgo e Tiradentes.


Desde então, a massa falida da usina já protocolou 11 pedidos de reintegração de posse. A mais recente ocorreu em 2020, durante a pandemia da Covid-19, quando a Escola Popular de Agroecologia Eduardo Galeano foi destruída em meio à ação policial.



A reintegração de posse em 2020 gerou protestos contra o governador Romeu Zema (Novo), acusado pelo MST de incentivar ações truculentas contra as famílias acampadas. O governo de Minas Gerais, na época, afirmou que apenas cumpria decisão judicial e que chegou a solicitar a suspensão da ordem de despejo, sem sucesso.


A reintegração foi determinada pela Justiça da Comarca de Campos Gerais e executada pela Polícia Militar, sob a supervisão de um oficial de justiça.


Com o anúncio de Lula, a expectativa é que as desapropriações tragam segurança jurídica às famílias do acampamento, encerrando a longa disputa pelo território.


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