Ex-prefeito que incitou violência contra Lula e Moraes vira réu no STF

Naçoitan Araújo Leite, ex-prefeito de Iporá (GO), é acusado de incitação ao crime após sugerir 'eliminar' o presidente e o ministro do STF

Por Plox

07/03/2025 13h58 - Atualizado há cerca de 1 mês

O ex-prefeito de Iporá (GO), Naçoitan Araújo Leite, tornou-se réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de incitação ao crime. A decisão foi tomada pela Primeira Turma da Corte, que aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) após a divulgação de um áudio no qual o político sugeria 'eliminar' o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


Imagem Foto: Redes sociais


A gravação foi compartilhada nos grupos de WhatsApp do Sindicato Rural de Iporá, onde Naçoitan era um dos líderes. No áudio, ele repetia discursos comuns entre bolsonaristas, afirmando que a reeleição de Lula levaria o Brasil a uma crise semelhante à da Venezuela. “Até a nossa liberdade está em jogo também. Nós temos que eliminar o Alexandre de Moraes e o Lula”, declarou.


Esse não foi o primeiro episódio em que Naçoitan utilizou redes sociais para incitar a violência. Em março de 2022, ele já havia divulgado um vídeo pelo WhatsApp incentivando ataques a petistas na cidade, dizendo que “PT com nós aqui agora é na botina, e se for preciso na bala”.



Além das acusações no STF, Naçoitan tem um histórico de episódios violentos. Em novembro de 2023, ele invadiu uma casa com sua caminhonete e disparou ao menos 15 tiros contra sua ex-mulher e o namorado dela. O crime ocorreu na madrugada do dia 18, quando ele avançou com o veículo sobre o portão da residência, destruindo portas e móveis antes de abrir fogo contra o quarto onde o casal se refugiou.


Câmeras de segurança registraram a invasão e a sequência de disparos. A Justiça expediu um mandado de prisão preventiva no dia seguinte ao atentado, e Naçoitan permaneceu foragido por cinco dias antes de se entregar à polícia. Em depoimento, ele alegou não se lembrar do ocorrido.



Indiciado pela Polícia Civil de Goiás por tentativa de feminicídio, tentativa de homicídio, posse de arma de fogo com numeração raspada e fraude processual, ele ficou preso por três meses. Contudo, em fevereiro de 2025, o Tribunal de Justiça de Goiás concedeu liberdade provisória mediante uso de tornozeleira eletrônica e restrições de contato com as vítimas.


Após sua soltura, Naçoitan foi recepcionado por apoiadores e reconduzido ao cargo de prefeito, em cerimônia realizada dois dias depois. Em vídeo publicado em suas redes sociais, ele agradeceu “o povo e as igrejas” e declarou que sua nova fase seria marcada por “humildade e trabalho”, sem mencionar os crimes pelos quais responde.


A Câmara de Iporá arquivou o processo de impeachment contra ele, sob alegação de que o prazo de 90 dias para conclusão do julgamento havia expirado. Dessa forma, o político permaneceu no cargo.



Com 61 anos, produtor rural e com passagens por diversas polêmicas, Naçoitan já teve seu registro de candidatura cassado pela Justiça Eleitoral em 2016 por irregularidades durante sua campanha. Ele também foi gravado em 2018 tentando convencer fiscais de trânsito a não realizar blitz com bafômetro durante um evento agropecuário da cidade.


Outros episódios controversos incluem uma suposta agressão contra um vereador que o filmava em um churrasco e suspeitas de que familiares do ex-prefeito tenham furado a fila da vacinação contra a Covid-19. Além disso, ele usou seu mandato para criticar medidas de distanciamento social durante a pandemia, negando a gravidade da doença.


Com um histórico marcado por abusos de poder, violência e acusações criminais, Naçoitan agora enfrenta o Supremo Tribunal Federal, onde será julgado por incitação ao crime.


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