Especialistas alertam: colheres de pau podem representar risco à saúde
Proibidas em cozinhas comerciais pela Anvisa, colheres de madeira acumulam fungos e bactérias resistentes à limpeza
Por Plox
07/04/2025 09h22 - Atualizado há 16 dias
Consideradas tradicionais nas cozinhas brasileiras, as colheres de madeira estão sendo cada vez mais desaconselhadas por especialistas da área de saúde e nutrição. O alerta vem da professora Maria Cláudia da Silva, do curso de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), que chama atenção para o risco sanitário representado por esses utensílios.

De acordo com a docente, o grande problema está na estrutura porosa da madeira, que facilita a retenção de umidade e o acúmulo de resíduos alimentares. Esse ambiente propício contribui para o surgimento de colônias de microrganismos, como fungos e bactérias, difíceis de remover com métodos comuns de higienização.
Essas colônias, conhecidas como biofilmes, oferecem um perigo ainda maior quando se trata de contaminação cruzada — processo em que um alimento livre de agentes nocivos acaba sendo contaminado após contato com utensílios ou superfícies sujas. O contato direto com as colheres ou até mesmo com superfícies onde foram deixadas pode facilitar essa transmissão.
A especialista lembra que normas sanitárias brasileiras, como as da Anvisa, já proíbem o uso de utensílios de madeira em cozinhas comerciais, justamente por conta do potencial de causar surtos de doenças transmitidas por alimentos. Além dos riscos microbiológicos, há também o problema físico: com o tempo, a madeira pode se desgastar, liberando pequenos fragmentos que podem ser ingeridos acidentalmente, causando lesões.
Para evitar esses riscos, a substituição das colheres de pau por utensílios de materiais menos porosos é altamente recomendada. Segundo a professora Maria Cláudia, colheres de metal ou plástico apropriado para uso culinário são mais seguras, pois resistem melhor aos processos de limpeza e desinfecção, sem absorver resíduos nem comprometer sua estrutura.
A docente ainda reforça a necessidade de seguir duas etapas essenciais na higienização: a limpeza, que remove sujeiras visíveis com água e detergente neutro, e a desinfecção, que reduz a presença de microrganismos. Quando esses utensílios apresentarem rachaduras, manchas ou qualquer sinal de desgaste, é hora de descartar.
“A substituição por materiais mais seguros é sempre a melhor alternativa. Colheres danificadas aumentam consideravelmente os riscos de contaminação”, conclui Maria Cláudia.
A orientação é clara: mesmo em ambientes domésticos, é importante rever os hábitos e garantir que os utensílios de cozinha estejam livres de riscos invisíveis à saúde.