Vivendo há mais de 50 anos com os efeitos da poliomielite

A médica do trabalho, que contraiu o vírus da pólio enquanto aprendia a andar, relembra como era a questão da saúde e vacinação naquela época

Por Plox

07/05/2023 09h52 - Atualizado há mais de 1 ano

Ryvia Rose Ferraz Bezerra, de 51 anos, é um exemplo vivo da gravidade da poliomielite. Diagnosticada com a doença aos 9 meses de idade, em 1971, Ryvia enfrenta suas sequelas até hoje. A médica do trabalho, que contraiu o vírus da pólio enquanto aprendia a andar, relembra como era a questão da saúde e vacinação naquela época: "Naquela época não acontecia como hoje, não tínhamos o SUS, as vacinas vinham em campanhas específicas. [Mas] eu nasci em Maceió, Nordeste, onde toda essa questão de saúde era bem precária."

 

ARQUIVO PESSOAL 

Sequelas e enfrentamento de preconceitos

Desde então, Ryvia passou por 14 cirurgias e diversas tentativas de conviver bem e com autonomia, mesmo com as sequelas da doença. "Foram momentos de bastante dor emocional e física e de enfrentamento de preconceitos", lamenta. O médico fisiatra e ortopedista Paulo Henrique Gomes Mulazzani explica que a poliomielite é uma doença que afeta os nervos e a motricidade, podendo deixar sequelas para a vida inteira.

A órtese ajuda Ryvia a conseguir mais autonomia diante da sequela
Arquivo pessoal

Alerta sobre a importância da vacinação

Ryvia faz um apelo aos pais para que vacinem seus filhos contra a pólio, visto que a cobertura de vacinação da doença está abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Saúde. "Temos a erradicação da poliomielite graças, exatamente, à vacina e não queremos que isso volte. Queremos que as nossas crianças continuem saudáveis. Então fica aqui a minha palavra: pais, vacinem sim os seus filhos. O vírus ainda circula", alerta.

Durante a sétima edição do ISI (International Symposium on Immunobiologicals), Luiza Helena Falleiros, presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da Saúde, destacou o risco que o Brasil corre com baixas coberturas vacinais, falta de vigilância ambiental, grupos antivacinas, entre outros fatores.

Adaptação e superação

Mesmo enfrentando os efeitos da doença, Ryvia busca se adaptar e manter uma vida o mais próximo da normalidade possível. Em 2022, ela começou a usar uma órtese de alta tecnologia, a C-Brace, que abrange joelho, tornozelo e pé. "Pela primeira vez na vida, eu consegui sentir o que é caminhar como vocês caminham", relata. Hoje, Ryvia mantém-se ativa no trabalho, dá aulas e canta em um coral.

Paulo Henrique Gomes Mulazzani finaliza ressaltando a importância da vacinação: "Uma criança não cria capacidade de decidir a vida dela, ela precisa da decisão paterna. A vacina sempre foi muito segura, a prevenção da maior parte das doenças é a grande solução".

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