Manifestação pela anistia reúne aliados de Bolsonaro em Brasília

Nesta quarta-feira (7), Brasília se tornou palco de uma nova mobilização organizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que convocaram manifestantes para pressionar o Congresso Nacional em favor da aprovação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

O evento, nomeado como “Marcha Pacífica pela Anistia Humanitária”, começou com a concentração de participantes às 16h na Torre de TV. A marcha tem como destino final o Congresso Nacional, percorrendo a Esplanada dos Ministérios. Entre os principais articuladores do ato está o pastor Silas Malafaia, figura presente em outras manifestações de apoio ao ex-presidente.

Bolsonaro, que passou por uma cirurgia de desobstrução intestinal e esteve internado por 23 dias em um hospital particular de Brasília, recebeu alta no último domingo (4). Apesar da recomendação médica de repouso, o ex-presidente não descartou a possibilidade de comparecer ao ato. Em vídeo publicado em suas redes sociais, declarou:

'Tentarei estar presente se a situação de saúde do momento permitir. Pela anistia humanitária!'

O ato ocorre em meio à discussão no Congresso sobre o projeto de lei que busca conceder perdão judicial aos condenados por participação nos atos antidemocráticos. Embora o PL tenha coletado 264 assinaturas e apresentado um pedido de urgência para votação ainda em abril, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem se mostrado resistente à proposta.

Além da defesa da anistia, os organizadores também destacam outro objetivo da manifestação: homenagear o ministro do STF Luiz Fux, por sua postura no julgamento da cabeleireira Débora dos Santos. Condenada inicialmente a 14 anos de prisão por ter escrito com batom a frase 'perdeu, mané' na estátua 'A Justiça', Débora teve uma pena alternativa sugerida por Fux, que divergiu do relator Alexandre de Moraes e defendeu uma punição de 1 ano e 6 meses. O ministro Cristiano Zanin, por sua vez, sugeriu uma pena intermediária, de 11 anos.

Essa manifestação marca a primeira mobilização de apoio a Bolsonaro em Brasília desde os ataques às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023. Em resposta à convocação e ao potencial risco de desordem, o governo do Distrito Federal reforçou a segurança na região. Grades foram instaladas para limitar o acesso à Praça dos Três Poderes, e o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou que manterá sua rotina de trabalho e julgamento nesta quarta-feira.

O Gabinete de Segurança Institucional do Palácio do Planalto afirmou que segue monitorando riscos e adotando medidas preventivas para garantir a integridade das autoridades e prédios públicos. A análise de riscos é feita antecipadamente para assegurar o emprego proporcional de recursos de segurança.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal foram procurados para detalhar as medidas adotadas, mas ainda não responderam. O clima político permanece tenso diante das diferentes posições em relação à proposta de anistia e das manifestações públicas que voltam a movimentar a capital federal.