Ex-servidoras da Polícia Civil de Minas Gerais denunciam aposentadoria forçada e assédio

Tatiane, que trabalhou por dois anos numa delegacia de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, relata que os problemas começaram após uma temporada bem-sucedida como substituta de sua chefe

Por Plox

07/07/2023 13h13 - Atualizado há quase 2 anos

A Polícia Civil de Minas Gerais enfrenta uma nova onda de polêmica. Duas ex-servidoras, a ex-delegada Larissa Bello e a ex-perita Tatiane Albergaria, revelaram que foram forçadas a se aposentar após serem alvo de perseguições internas. Há suspeitas de que a situação possa ter afetado mais de 40 servidores da corporação nos últimos anos.

Tatiane e Larissa narram experiências semelhantes, envolvendo perseguição e assédio moral, culminando em licenças médicas forçadas e diagnósticos de doenças psicológicas inexistentes - uma prática que, segundo elas, foi utilizada para justificar suas aposentadorias compulsórias.

 

 

Foto: Arquivo ALMG / Daniel Protzner/Reprodução

Tatiane, que trabalhou por dois anos numa delegacia de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, relata que os problemas começaram após uma temporada bem-sucedida como substituta de sua chefe. Com sua chefe em licença, Tatiane conseguiu implementar melhorias que foram mal recebidas por sua superior ao retornar. A situação piorou quando um colega precisou se afastar, sobrecarregando a equipe e levando a uma negação de folgas e férias, apesar da carga de trabalho excessiva.

A ex-perita compartilhou sua situação com a ouvidoria do estado, mas não recebeu o suporte necessário. Poucas semanas depois, foi informada de sua transferência de unidade, sob a alegação de que tornara o ambiente de trabalho insustentável. Em junho de 2020, durante a gestação de gêmeos, Tatiane foi transferida para Betim, também na Grande BH. O estresse da perseguição contínua resultou na perda de um dos bebês.

A Aposentadoria Forçada e suas Consequências

Na nova unidade, Tatiane enfrentou novamente perseguição e uma série de sindicâncias. Apesar de tentar uma nova transferência para Vespasiano, acabou no Instituto de Criminalística em Belo Horizonte, onde encontrou um médico legista amigo de sua ex-chefe. Este médico assinou um laudo falso recomendando sua aposentadoria. O laudo assinado por quatro médicos legistas declarou Tatiane como "incapaz permanentemente para o exercício do cargo", forçando-a à aposentadoria compulsória.

Como resultado da aposentadoria, Tatiane agora recebe menos de 30% de seu salário anterior, uma quantia insuficiente para cobrir suas despesas médicas. Atualmente, Tatiane tenta provar que ainda tem condições de trabalhar, embora não deseje retornar à Polícia Civil.

Larissa Bello, ex-delegada, enfrentou uma situação semelhante enquanto investigava um caso de lavagem de dinheiro em Juiz de Fora. Após desentendimentos com um inspetor e ameaças à sua segurança, Larissa pediu afastamento. No entanto, foi convocada a comparecer a uma perícia médica em Belo Horizonte. Após seu retorno ao trabalho, ela foi forçada a se aposentar, semelhante ao caso de Tatiane. Larissa, que se mudou para Belo Horizonte por segurança, continua lutando para resolver sua situação.

Esses casos apontam para uma situação preocupante dentro da Polícia Civil de Minas Gerais, onde alegações de assédio, perseguição e aposentadoria forçada põem em xeque a integridade e o bem-estar dos servidores.

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