Mineiro morre após cair em greta de gelo no Peru

Família confirma que corpo de Marcelo Delvaux pode nunca ser recuperado devido à profundidade da greta

Por Plox

07/07/2024 10h25 - Atualizado há 3 meses

O montanhista Marcelo Motta Delvaux, natural de Juiz de Fora e residente em Belo Horizonte, foi dado como morto após cair em uma greta no Nevado Coropuna, a quarta montanha mais alta do Peru. Delvaux estava desaparecido desde 30 de junho. A confirmação foi dada por seus familiares, que destacaram a dificuldade de acesso e o perigo de realizar o resgate do corpo.

Reprodução Redes Sociais

Tentativas de ascensão e o desaparecimento

Marcelo chegou ao Coropuna no dia 25 de junho e, após montar acampamento a 4.880 metros de altitude, esperou dois dias por melhores condições climáticas. No dia 28, ele tentou alcançar o cume, atingindo 6.300 metros, mas retornou ao acampamento no fim da tarde. Após um dia de descanso, ele fez uma segunda tentativa de ascensão no dia 30 de junho, saindo às 3h da manhã e chegando ao cume próximo das 15h.

A irmã de Marcelo, Patrícia Delvaux, relatou ao G1: "Não tem como entrar na greta pela profundidade e instabilidade do lugar. Infelizmente não há chance dele estar vivo. Já se vão 7 dias caído ali."

Sinal estagnado e buscas

Após atingir o cume, Marcelo começou a descer, mas seu sinal de GPS parou de se mover cerca de 100 metros abaixo do topo. A namorada de Marcelo, a guia de montanha argentina Julieta Ferreri, inicialmente achou que fosse um problema no GPS, já que ele não apertou o botão de SOS nem enviou mensagem pedindo ajuda. Dois dias depois, ao verificar com o hotel em Arequipa, onde Marcelo deveria ter voltado, ela descobriu que ele não havia retornado, acionando a polícia.

Equipes de resgate e desafios

As buscas começaram em 4 de julho, com a família de Marcelo contratando uma equipe de quatro guias de montanhas, devido à falta de especialização da polícia local em resgates de alta montanha. Os guias chegaram ao acampamento de Delvaux no dia 5 de julho e, no dia seguinte, localizaram a greta aberta, os bastões de Marcelo e sinais de sua queda.

Pedro Hauck, amigo e montanhista, explicou: "Ele tentou fazer uma rota diferente pelo oeste, que atravessa a geleira. Chegou no dia 25 e, no mesmo dia, caminhou, montou um acampamento, onde permaneceu por mais 2 dias, e fez poucos deslocamentos."

Sem esperanças de resgate

Dada a profundidade da greta e as condições extremas, as chances de Marcelo ter sobrevivido à queda eram mínimas. Mesmo que tivesse sobrevivido inicialmente, o frio intenso poderia tê-lo levado a óbito já na primeira noite. A remoção do corpo é incerta devido à dificuldade de acesso e aos riscos envolvidos.

Legado de Marcelo Delvaux

Com cerca de 25 anos de experiência, Marcelo era um dos mais destacados montanhistas brasileiros, tendo escalado mais de 150 montanhas nos Andes e no Himalaia. Ele era formado como guia de montanha profissional pela EPGAMT de Mendoza, na Argentina, e passava grande parte do ano guiando e escalando montanhas nos Andes.

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