Selfie em Trilha proibida na Serra do Mar aumenta riscos e atrai aventureiros

Travessia do Funicular desafia a segurança com visitas clandestinas e imagens perigosas, alertando para a urgência de regulamentação e fiscalização.

Por Plox

07/07/2024 12h46 - Atualizado há 3 meses

A Travessia do Funicular, uma trilha ilegal reconhecida como uma das mais perigosas da Serra do Mar de São Paulo pela Fundação Florestal, continua atraindo visitantes clandestinos que se arriscam para tirar selfies e realizar ensaios fotográficos. Localizada na Vila de Paranapiacaba, a trilha é uma via férrea abandonada desde 1982, que leva até o Parque Estadual da Serra do Mar, em Santo André, no ABC Paulista.

Foto: Reprodução/Instagram

Perigo na Busca por Selfies

Em 2019, um designer gráfico de Jundiaí teve uma de suas selfies, tirada na estrutura deteriorada da Travessia do Funicular, incluída em uma lista de "as selfies mais perigosas já tiradas" por um site americano. Essa imagem foi destacada ao lado de outras 50 fotos tiradas em locais de risco pelo mundo, como topos de prédios e perto de animais selvagens.

"A distração, um tropeço, vertigem, labirintite, uso de calçados inadequados, ou mesmo uma brincadeira podem ser extremamente perigosos nesses ambientes," afirmou o aventureiro ao g1 na época.

Guias Clandestinos

A prática de guias clandestinos oferecendo travessias pela trilha proibida foi investigada pela TV Globo e pelo g1. Um dos supostos guias ofereceu datas para a visitação e até cortesia para grupos, embora alertasse sobre a possibilidade de serem impedidos de acessar a trilha devido à presença de guardas na entrada. Esse trajeto é descrito como "médio/perigoso" e inclui uma caminhada de 5 quilômetros com riscos significativos de quedas em áreas deterioradas.

Relatos de Acidentes

O Fantástico, programa da TV Globo, relatou a história de Antônio Raphael, que em janeiro de 2020 despencou de uma altura de 25 metros enquanto percorria a trilha. Raphael sofreu traumatismo craniano, múltiplas fraturas e não resistiu aos ferimentos. O caso ilustra a dificuldade de socorro em uma área tão remota e abandonada.

Esforços para Regularização

Em resposta às visitas clandestinas, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e a MRS, concessionária que administra a linha férrea em operação, afirmaram que vigilantes atuam para coibir o acesso não autorizado. A Fundação Florestal, responsável pela região, dispõe de 50 agentes para patrulhar uma área de 438 km², equivalente a três vezes o tamanho da cidade de Santo André.

A prefeitura de Santo André expressou interesse na regulamentação da trilha, destacando o potencial turístico e histórico da área. A administração municipal busca parcerias para fiscalizar, estruturar a visitação e promover a segurança, incluindo um termo de cooperação técnica com a Fundação Florestal.

Histórico da Travessia do Funicular

Inaugurada em 1867, a estrada de ferro ligava Jundiaí a Santos, utilizando um sistema de cabos de aço para puxar as locomotivas, conhecido como funicular. Esse sistema foi desativado em 1982, e desde então a ferrovia está abandonada.

 

Embora a Travessia do Funicular tenha um apelo histórico e aventureiro, os riscos associados à trilha proibida são significativos. A busca por selfies e a falta de guias autorizados aumentam a probabilidade de acidentes graves, destacando a necessidade urgente de regulamentação e fiscalização rigorosa para garantir a segurança dos visitantes.

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