Deputados do PT enviaram R$ 5,5 milhões em emendas para emissora alinhada ao governo

Nos últimos sete anos, a TV dos Trabalhadores (TVT), emissora conhecida por seu alinhamento ao governo federal, recebeu um montante de R$ 5,5 milhões por meio de emendas parlamentares destinadas por congressistas do Partido dos Trabalhadores. O repasse foi feito por 21 deputados, incluindo nomes que atualmente ocupam cargos ministeriais na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foto: Presidência

Entre os que destinaram verbas à fundação responsável pela TVT, a Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, estão Alexandre Padilha, hoje ministro da Saúde; Gleisi Hoffmann, que comanda a Secretaria de Relações Institucionais; e Paulo Teixeira, atual ministro do Desenvolvimento Agrário.

A emissora, que integra a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), é sustentada majoritariamente por sindicatos. Conforme explicou Maurício Júnior, diretor da fundação e membro do conselho da TVT, os recursos públicos complementam o orçamento para criação de novos quadros. Júnior ressaltou que a direção da emissora apresenta seus projetos a parlamentares de esquerda e negocia apoio por meio de emendas.

Com o retorno do PT ao governo federal, a TVT firmou dois novos contratos com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) no final de 2024. Um, no valor de R$ 1,8 milhão, foi destinado à aquisição de equipamentos. O outro, de R$ 800 mil, tem como objetivo a produção de 100 programas jornalísticos. Ambos os contratos foram viabilizados por emendas parlamentares.

Gleisi Hoffmann repassou R$ 250 mil à fundação em fevereiro de 2025 e R$ 100 mil em abril de 2023. Alexandre Padilha fez envios à emissora em 2021 e novamente em 2023. Já Paulo Teixeira destinou R$ 100 mil em 2021 para produções sobre arte e cultura periférica e, posteriormente, outros R$ 100 mil em dezembro de 2023, já como ministro.

A presidência formal da fundação está atualmente com Paulo Roberto Salvador, ex-réu na operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. A previsão é de que Salvador deixe o cargo em setembro deste ano, sendo substituído por Maurício Júnior.

\"A direção da emissora apresenta seus projetos a parlamentares de esquerda e discute formas de financiamento via emendas\", disse Maurício Júnior, atual diretor da fundação

O caso levanta discussões sobre o uso de recursos públicos em veículos de comunicação com vinculações ideológicas e ligações com figuras do governo, especialmente em um contexto de críticas à transparência e à aplicação de emendas parlamentares.