Aumento no preço do MDF preocupa indústria moveleira mineira e ameaça empregos

Reajustes de até 25% nas chapas de MDF, impulsionados pelo tarifaço de Trump sobre exportações brasileiras, geram temor de queda nas vendas e demissões no setor

Por Plox

07/08/2025 20h32 - Atualizado há 2 dias

O início da cobrança da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre exportações brasileiras, não afeta diretamente a indústria de móveis de Minas Gerais, mas o reflexo já se faz sentir. No Estado, o preço das chapas de MDF, material essencial para fabricação de móveis planejados e para o varejo, subiu de forma significativa — em alguns casos, chegando a 25%.


Imagem Foto: Pixabay


Segundo Maurício Lima, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), o aumento não encontra justificativa concreta no mercado e surge em meio a um cenário de custos crescentes, com reajustes salariais estimados em 7,5%.
“Um reajuste, dependendo da peça, chegou a 25% e sinceramente não vimos uma causa. Acredito que é fruto de especulação de mercado”

, afirma.

Lima destaca que, com as fábricas de MDF mantendo forte relação comercial com o exterior — principalmente com os Estados Unidos, principal destino das exportações brasileiras de madeira — o esperado seria uma queda no preço interno, já que a nova tarifa poderia reduzir as vendas para fora e aumentar a oferta no Brasil. Apenas em 2024, as exportações do setor somaram US$ 3,7 bilhões, sendo 43,3% destinadas ao mercado americano.



No segmento de móveis, os EUA também lideram como compradores, absorvendo 32,9% das exportações brasileiras. Para o representante do sindicato, o reajuste veio em um momento crítico, dificultando as negociações de acordos coletivos e elevando o risco de encarecimento dos produtos, queda nas vendas e cortes de postos de trabalho. “No fim, quem paga essa conta é o cliente, com aumento no preço final. E isso pode reduzir as vendas no segundo semestre, que normalmente é nosso período de maior movimento”, ressalta. Há também receio de que a situação se estenda ao primeiro semestre de 2026.



Em nível nacional, a pressão é ainda maior. A indústria de madeira processada já sente os efeitos diretos do tarifaço, com empresas adotando férias coletivas e anunciando demissões. Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), explica que a sobretaxa de 50% prometida por Trump coloca o setor “fora de jogo” no mercado americano. “Por precaução, muitos clientes postergaram embarques ou cancelaram contratos até que a questão seja resolvida”, relata.


O impacto é expressivo: o setor emprega cerca de 180 mil pessoas no Brasil e, em média, metade da produção é destinada aos Estados Unidos — em alguns casos, a dependência chega a 100%. A produção se concentra principalmente no Sul do país, responsável por aproximadamente 90% da capacidade instalada.


Uma das empresas que já confirmaram cortes é a Sudati, com unidades no Paraná e em Santa Catarina, especializada na produção de compensados e MDF. Para os empresários e trabalhadores, o clima é de incerteza, com a expectativa de que as próximas semanas definam o tamanho real do estrago provocado pelo tarifaço.



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