Fotógrafo do Estadão é desligado após registrar gesto polêmico de Moraes
Jornal nega relação da demissão com a imagem feita durante jogo na NeoQuímica Arena
Por Plox
07/08/2025 17h24 - Atualizado há 2 dias
O fotógrafo Alex Silva, de 63 anos, foi desligado do jornal O Estado de S. Paulo após mais de duas décadas de trabalho. Especialista em coberturas esportivas, ele foi o responsável por capturar a imagem que mostra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, fazendo um gesto obsceno a torcedores durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, no dia 30 de julho, na NeoQuímica Arena.

Apesar da repercussão, o Estadão afirma que a decisão de encerrar o vínculo com o profissional não tem ligação com a foto. Em nota oficial, o veículo explicou que o desligamento já estava previsto e faz parte de um processo de redução de equipe na editoria de Fotografia, “seguindo critérios exclusivamente administrativos”.
Em entrevista ao portal Metrópoles, Alex declarou que não recebeu “justificativas concretas” para a demissão e criticou a forma como a imagem foi divulgada internamente. Segundo ele, o registro recebeu pouco destaque, sem espaço de capa, o que o fez questionar se o jornal não teria tentado minimizar o impacto.
\"Acho que o jornal escondeu a foto. Reclamei isso com eles. Deram pouco espaço na home e não deram na capa\"
, afirmou.
O Estadão, no entanto, rebateu, garantindo que a fotografia foi publicada como principal destaque no site na noite do jogo e permaneceu na página inicial até o dia seguinte. Além disso, teria ganhado espaço relevante na edição impressa e sido distribuída pelo Estadão Conteúdo para diversos veículos, incluindo o próprio Metrópoles.
Ainda segundo o jornal, a equipe produziu reportagem contextualizando o momento e colunistas repercutiram o episódio em artigos e vídeos. O veículo reforçou seu compromisso com “a liberdade de expressão e os mais altos padrões de independência editorial”.
O gesto de Moraes ocorreu após ele ser abordado por torcedores no camarote. Inicialmente, respondeu sorrindo com um “vai Corinthians”, mas depois, já dentro do estádio, reagiu às provocações mostrando o dedo médio. O episódio viralizou nas redes sociais.
A ida ao estádio aconteceu horas depois de o ministro ser alvo da Lei Magnitsky, sanção do governo dos Estados Unidos que bloqueia possíveis bens seus em território americano e impede sua entrada no país.
O caso segue gerando discussões sobre liberdade de imprensa, independência editorial e o impacto das imagens no cenário político.