Samba da Viradouro usa IA para recriar voz de Dominguinhos do Estácio e emociona família
Tecnologia foi usada em samba concorrente do Carnaval 2026 e gerou comoção entre familiares e sambistas; filha do intérprete participou do processo
Por Plox
07/08/2025 15h48 - Atualizado há 2 dias
Uma das apostas mais comentadas para o Carnaval 2026 veio acompanhada de inovação e emoção: um samba concorrente da Unidos do Viradouro usou inteligência artificial para recriar a voz do lendário Dominguinhos do Estácio. O projeto, idealizado por Marcelo Bertolo e outros autores, levou mais de um ano entre testes e ajustes até chegar ao resultado final.

A inspiração veio a partir do enredo sobre o Mestre Ciça, figura importante na trajetória do próprio Dominguinhos, com quem dividiu momentos marcantes tanto na Estácio quanto na Viradouro. A melodia do samba foi construída com base em referências sonoras de obras interpretadas por Dominguinhos ao lado da bateria de Ciça, reforçando a ligação entre os dois.
A ideia de utilizar a tecnologia vinha sendo amadurecida havia tempos, mas somente nos últimos meses os autores sentiram que a qualidade da inteligência artificial havia evoluído o suficiente para garantir o respeito e a fidelidade à voz original do intérprete. “Esse ano, a tecnologia evoluiu e ficou como a gente idealizava”, contou Bertolo. Segundo ele, foram duas semanas inteiras dedicadas ao trabalho com a voz e mais cinco horas em estúdio para finalizar a produção.
A iniciativa contou com o apoio da família de Dominguinhos. A filha, Lívian Ferreira, não só autorizou o uso da voz como também participou da gravação no estúdio. “Eu chorei muito, fiquei muito nervosa. A gente se abraçou, choramos juntos, parecia que ele estava ali com a gente”, revelou. A emoção tomou conta também das irmãs de Lívian, que se surpreenderam com o resultado. “Parece que é ele, né? Não parece ser uma inteligência artificial”, disse ela.
Nas redes sociais, a repercussão foi intensa. Diversos internautas manifestaram apoio e se disseram tocados pela homenagem. “Um dos sambas mais lindos que eu já escutei”, disse um usuário. Outro comentou: “Isso é covardia. Precisa nem ter disputa. Viradouro, é esse.”
Por outro lado, críticas também surgiram. Alguns usuários elogiaram o samba, mas questionaram o uso da tecnologia. “Torcendo por esse. Tirando a IA, achei bizarro”, comentou um internauta. Outros foram mais duros: “Essa IA com a voz do Dominguinhos ficou horrível”, disse um usuário. Outro escreveu: “Daqui a uns tempos vão dispensar até os intérpretes vivos.”
Independentemente das opiniões divididas, o samba da Viradouro trouxe à tona uma discussão sobre tradição e inovação no carnaval, unindo a emoção do passado à tecnologia do presente.