Mineiro Gabrielzinho conquista Paris com 3 ouros e carisma nas Paralimpíadas

O nadador paralímpico Gabriel Araújo, conhecido como Gabrielzinho, celebrou a conquista de três medalhas de ouro na Arena La Défense, em Paris, e o apoio caloroso da torcida francesa. Natural de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, o jovem de 22 anos, torcedor do Cruzeiro, se destacou não apenas pelos resultados nas provas de natação, mas também pelo carisma e interação com o público, que o acolheu como um dos seus.

Conquista e recepção calorosa

Gabrielzinho brilhou nas provas dos 50 m costas, 100 m costas e 200 m livre, na categoria S2, destinada a atletas com deficiências físicas severas. Nascido com focomelia, uma condição congênita que impede a formação normal dos membros, o brasileiro surpreendeu ao conquistar o coração dos franceses, sendo intensamente aplaudido em cada uma de suas aparições. "Estou mais em casa do que eu imaginava", disse ele, emocionado com a recepção calorosa.

Mesmo não sendo o principal medalhista dos Jogos — outros atletas como a brasileira Carol Santiago e o belorrusso Ihar Boki conquistaram mais medalhas — Gabrielzinho se destacou pelo carinho recebido da torcida e pela forma como interagiu com o público. "Isso do povo francês me marcou muito. É sempre bom ser reconhecido pelo trabalho, mas levar uma grande torcida em um grande país pela pessoa que eu sou, eu diria que é mais uma medalha de ouro para o Gabrielzinho, a principal até", afirmou.

Planos em Paris e retorno ao Brasil

Após cumprir sua "missão" com as três medalhas de ouro, Gabrielzinho planeja explorar os pontos turísticos de Paris, começando pela Torre Eiffel, o Museu do Louvre e o estádio do Paris Saint-Germain. "Quero conhecer a torre [Eiffel], o Museu do Louvre e o estádio do Paris Saint-Germain", revelou o atleta, empolgado com as visitas que já iniciaria no sábado (7). Apesar da agenda cheia na França, o brasileiro já pensa no retorno ao Brasil e nos reencontros que o aguardam. "A primeira coisa que quero fazer no Brasil é comer a comida da minha mãe, me jogar nos braços da minha galera", disse ele.

Popularidade crescente e impacto nas redes sociais

A popularidade de Gabrielzinho não se limitou às piscinas. Sua presença marcante e personalidade cativante fizeram com que seu número de seguidores nas redes sociais disparasse, chegando a 389 mil — mais que o dobro do maior campeão paralímpico brasileiro, Daniel Dias. Em pouco tempo, seu post exibindo as três medalhas no pescoço acumulou quase 500 mil curtidas, um reflexo de seu impacto nas redes.

Nas arquibancadas e nas redes sociais, Gabrielzinho tornou-se um fenômeno. Cada vitória era celebrada com danças, brincadeiras e uma interação constante com a torcida, que se encantava com sua alegria e espontaneidade. Nos pódios, Gabrielzinho era um dos últimos a deixar a arena, aproveitando cada momento para interagir e agradecer ao público que o aplaudia de pé.

Reconhecimento internacional e cobertura midiática

Inicialmente desconhecido entre a mídia estrangeira, Gabrielzinho logo se tornou o centro das atenções em Paris. O jornal Le Parisien o descreveu como "a estrela da Paralimpíada que nada como um golfinho", enquanto o canal France 24 o chamou de "fenômeno brasileiro". Já a Radio France Internacional destacou Gabrielzinho como "a estrela de Paris", comparando-o ao nadador francês Léon Marchand, principal astro das Olimpíadas.

Essa popularidade inesperada fez com que, apenas alguns dias após suas primeiras conquistas, jornalistas franceses buscassem informações sobre Gabrielzinho junto à imprensa brasileira. Sua determinação e foco, evidentes desde sua primeira coletiva de imprensa, contrastavam com a forma despretensiosa e brincalhona com que lidava com as vitórias e o carinho do público.

Interação com a torcida e legado

Durante as cerimônias de medalha, Gabrielzinho transformava o percurso do pódio até a saída da arena em um verdadeiro show, interagindo com o público e demonstrando gratidão pelo apoio recebido. Ele destacava a alegria de estar em Paris e o reconhecimento que superou todas as suas expectativas: "Nem nos meus maiores sonhos eu imaginaria [ficar tão popular em Paris]", comentou na Casa Brasil.

Gabrielzinho, que acompanhava os resultados de seu time de coração, o Cruzeiro, por um grupo de WhatsApp durante os Jogos, viu sua legião de fãs aumentar a cada dia, impulsionada por suas conquistas e pela simpatia que demonstrava em cada gesto. O jovem nadador não apenas conquistou medalhas, mas também corações, deixando um legado de superação e inspiração para todos que acompanharam sua trajetória em Paris.