Ricardo Nunes e Boulos vão ao segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo

Esta é considerada uma das eleições municipais mais disputadas desde 1985, quando ocorreram as primeiras eleições diretas após o fim da ditadura militar.

Por Plox

07/10/2024 06h33 - Atualizado há 14 dias

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) avançam para o segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, que ocorrerá no dia 27 de outubro. Os resultados, divulgados na noite de domingo (6/10) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apontam Nunes com 29,48% dos votos, enquanto Boulos alcançou 29,07%. Ambos superaram o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar com 28,14%. Esta é considerada uma das eleições municipais mais disputadas desde 1985, quando ocorreram as primeiras eleições diretas após o fim da ditadura militar.

Foto:  Edson Lopes JR./Prefeitura SP e Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Resultados do primeiro turno

Além dos três principais concorrentes, outros candidatos tiveram desempenhos expressivos. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) ficou em quarto lugar com 9,91% dos votos, enquanto o apresentador José Luiz Datena (PSDB) teve uma performance decepcionante, marcando apenas 1,84%, o pior resultado da história das candidaturas tucanas em São Paulo. A candidata do partido Novo, Marina Helena, somou 1,38%.

Disputa polarizada

Durante a apuração, Ricardo Nunes manteve a liderança desde o início. Guilherme Boulos começou em terceiro, mas superou Pablo Marçal após 30,69% das urnas serem apuradas. A diferença entre os dois primeiros colocados chegou a ser de apenas 1.716 votos quando 47,7% dos votos haviam sido contabilizados. No final, cada um dos três principais candidatos somou mais de 1,7 milhão de votos.

Campanha marcada por ataques e violência

Esta eleição também foi palco de uma das campanhas mais agressivas dos últimos tempos em São Paulo. Trocas de ofensas pessoais, agressões físicas durante debates e acusações de envolvimento com o tráfico e uso de drogas foram alguns dos pontos mais baixos da corrida eleitoral. As redes sociais desempenharam um papel crucial, amplificando esses conflitos e gerando batalhas jurídicas. A influência de padrinhos políticos e grandes alianças partidárias também foi colocada à prova.

O início da campanha foi marcado pela polarização entre os candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Guilherme Boulos, aliado de Lula, e Ricardo Nunes, que atraiu o apoio bolsonarista, lideraram as pesquisas e apostaram na polarização entre esquerda e direita, em um cenário similar ao das eleições presidenciais de 2022.

Apoios e coligações partidárias

Nunes, em busca da reeleição, consolidou uma ampla coligação partidária, reunindo apoio de 12 partidos, o que lhe garantiu mais de 60% do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Ele também recebeu o apoio oficial de Bolsonaro, que indicou o Coronel Mello Araújo (PL) como seu vice. Esse movimento visava neutralizar candidaturas da direita mais radical, como as de Ricardo Salles e Kim Kataguiri, que acabaram não se concretizando.

Ascensão de Pablo Marçal e divisão da direita

Apesar dos esforços de Nunes, a entrada de Pablo Marçal na disputa dividiu o eleitorado de direita. Marçal, popular como coach na internet, se apresentou como o "candidato antissistema" e passou a disputar os votos bolsonaristas com o prefeito. O discurso inflamado de Marçal, que incluía acusações de um "consórcio comunista" e fake news, como a alegação de que Boulos seria usuário de cocaína, fez com que ele subisse nas pesquisas, chegando a empatar tecnicamente com Nunes.

A relação de Marçal com a família Bolsonaro oscilou entre elogios e críticas. Durante a campanha, o influenciador chegou a chamar Carlos Bolsonaro de "retardado", enquanto o ex-presidente afirmou que Marçal "faltava caráter".

Participação de Datena e o clima de hostilidade nos debates

Outra figura de destaque, por motivos diferentes, foi o apresentador José Luiz Datena, que mais uma vez tentou uma candidatura, após desistir em quatro eleições anteriores. Apesar do início promissor, Datena teve um desempenho ruim nos debates e acabou caindo nas pesquisas, ficando em quinto lugar. Mesmo assim, ele foi protagonista de um dos momentos mais tensos da campanha: no debate da TV Cultura, em setembro, Datena agrediu Marçal com uma cadeirada, intensificando o clima hostil da campanha.

Agressões e provocações durante a campanha

Os debates eleitorais, que começaram em agosto, foram marcados por episódios de violência e insultos. Pablo Marçal fez acusações contra Guilherme Boulos, afirmando que o candidato usava cocaína, sem apresentar provas. A equipe de Marçal teria usado documentos de um homônimo de Boulos para sustentar as acusações, o que gerou condenações na Justiça Eleitoral. Boulos respondeu ao ataque apresentando um exame toxicológico no último debate, desafiando Marçal a fazer o mesmo.

Além disso, Marçal provocou outros adversários, chamando Nunes de "bananinha" e Tabata Amaral de "para-choque de comunista". A postura agressiva do influenciador resultou em momentos de tensão, como o incidente em que um produtor da campanha de Marçal agrediu o marqueteiro de Nunes nos bastidores do debate do Flow.

Reação de Tabata Amaral

Tabata Amaral também foi uma das vozes mais críticas à falta de propostas discutidas durante a campanha. Após o debate da TV Cultura, em que Marçal agrediu Nunes, ela viralizou nas redes ao desabafar sobre o foco excessivo nas polêmicas. “Sabe qual é a merda maior? Eu estava lá que nem uma filha da puta falando sobre as minhas propostas, fazendo um debate sério, e eu tenho certeza que amanhã só vão falar do soco”, declarou Tabata.

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