Mulher de ex-procurador do INSS compra Porsche de R$ 787 mil em meio a investigação
Thaisa Hoffmann, esposa de Virgílio Filho, adquiriu veículo de luxo e imóveis milionários enquanto o marido era investigado por esquema de descontos ilegais em aposentadorias
Por Plox
07/10/2025 09h33 - Atualizado há 4 dias
Enquanto as investigações sobre fraudes em benefícios do INSS avançam, novos detalhes sobre o patrimônio do ex-procurador Virgílio Oliveira Filho e de sua esposa, Thaisa Hoffmann, vieram à tona. Documentos sigilosos enviados à CPMI do INSS revelam que Thaisa comprou, em 20 de agosto de 2024, um SUV Porsche Cayenne híbrido avaliado em R$ 787.312,00. A aquisição foi feita em uma concessionária de Curitiba (PR), por meio da empresa dela, a THJ Consultoria.

O caso ganhou destaque porque Virgílio, servidor da Advocacia-Geral da União (AGU), havia sido afastado judicialmente em abril de 2025, após suspeitas de envolvimento no esquema conhecido como “Farra do INSS”. Segundo as investigações, o ex-procurador teria recebido cerca de R$ 11,9 milhões de empresas ligadas a investigados. Parte desse montante, ao menos R$ 7,5 milhões, teria sido repassada a Thaisa Hoffmann pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
Além do Porsche, entre 2022 e 2024, Thaisa ampliou o patrimônio familiar com a compra de três imóveis pagos à vista — dois localizados em Curitiba e um em Brasília. O mais caro é um apartamento de R$ 2,5 milhões no bairro Campo Comprido, na capital paranaense. Os outros bens incluem uma sala comercial na mesma cidade e um imóvel às margens do Lago Paranoá, na capital federal. O valor total das aquisições soma R$ 3,47 milhões.
Um relatório de inteligência financeira também aponta que, mesmo após ser alvo da Operação Sem Desconto, Virgílio reservou um Audi A5 de R$ 380 mil. Antes disso, em 2025, ele já havia adquirido uma Mercedes-Benz GLB 35 AMG, avaliada em mais de meio milhão de reais, conforme a Tabela Fipe.
De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), o patrimônio do ex-procurador cresceu R$ 18,3 milhões no período analisado, o que levantou suspeitas sobre enriquecimento ilícito. O órgão identificou ainda que Virgílio favoreceu a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ao liberar em bloco benefícios previdenciários para inclusão de descontos associativos, contrariando pareceres técnicos.
“Os relatórios indicam movimentações financeiras incompatíveis com a renda de servidor público e evidenciam a ligação direta entre Virgílio Filho e empresas sob investigação”, aponta o documento enviado à CPMI
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A coluna tentou contato com Virgílio Filho e Thaisa Hoffmann por e-mail e mensagem, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Após o afastamento judicial, a AGU determinou a exoneração de Virgílio de suas funções no INSS.
O caso segue sob análise da Polícia Federal e da CPMI do INSS, que apuram o envolvimento de servidores e lobistas em fraudes que teriam causado prejuízos milionários aos cofres públicos.