Empreender no Brasil é mais pesado para mulheres? Analista do Sebrae explica como superar desafios
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Por Plox
07/11/2023 18h37 - Atualizado há mais de 1 ano
Existe um estudo que mostra que as mulheres dedicam um tempo menor à gestão do próprio negócio do que os homens, aponta a especialista em empreendedorismo e mentora de mulheres, Vanessa Karla. Você imagina o motivo? O tema da Redação do Enem dá pistas. É o duelo entre conciliar o cuidado com o lar e a administração da empresa. E como começar um negócio do zero no Brasil? O Sebrae regional Vale do Aço tem o programa “Sebrae Delas”, cuja embaixadora é a nossa entrevistada do PodPlox desta terça-feira. Ela vai dar o direcionamento de como superar os desafios do empreendedorismo feminino.
Nas quatro principais cidades do Vale do Aço - Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, as mulheres se destacam na busca por criar o seu próprio negócio, como forma de alavancar a renda e se tornarem independentes. Dados da Receita Federal indicam que a região tem, aproximadamente, 22,8 mil empresárias formalizadas como microempreendedoras individuais (MEI), além de 22,1 mil homens que empreendem nesta categoria.
Empreendedorismo materno
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada em 2021, indicou que, após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade são demitidas. A maioria delas, sem justa causa. É neste contexto que o empreendedorismo materno ganha espaço e força.
A especialista em empreendedorismo e mentora de mulheres, Vanessa Karla, traz a seguinte reflexão: “Já parou pra pensar o quanto pode ser invisível toda dedicação de uma mulher quando o assunto é horas de cuidados ou afazeres domésticos? Não? O Enem pensou. Esse foi o tema da redação para 2023. A invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres no Brasil. E se você tem alguma dúvida que essa pauta é importante, vamos aos dados. O IBGE realiza um estudo anual que mede essas horas dedicadas ao trabalho com pessoas e afazeres domésticos que são cuidados não remunerados, realizados por homens e por mulheres. Em 2022, as mulheres já se dedicavam 21,3 horas a esse tipo de cuidado, enquanto os homens dedicam 11,7 horas. É uma diferença muito grande. E antes que você pense se as realidades são diferentes, a pesquisa é feita com um universo muito grande de pessoas e que inclusive se enquadram dentro de uma realidade muito semelhante. Ou seja, o número de homens e mulheres que trabalham fora de casa também é extremamente semelhante. Quando a mulher dedica 21,3 horas semanais a esse tipo de cuidado, enquanto os homens dedicam 11, ela está deixando de dedicar essas horas a outras coisas. Quer saber onde isso tem impacto direto? No próprio negócio que ela decide começar. Existe um estudo que mostra que as mulheres dedicam um tempo menor à gestão do próprio negócio do que os homens. Será por que isso acontece, né? O grande ponto disso tudo é que as pessoas podem estar pensando ah, mas a mulher tem mais habilidade para isso. Tá, mas ela escolheu estar nessa situação? Porque uma coisa tem a ver com o fato dela sentir prazer em estar ali, dedicando as suas horas, seja lá o que for que ela escolher fazer. A outra coisa está sobre a privação do direito de escolha. Antes de enaltecer o excesso de trabalho realizado por uma mulher ou dizer que ela está de parabéns porque ela é uma guerreira, avalie se por trás disso tudo, na verdade. Ela simplesmente não está sobrecarregada, e se você não está contribuindo com essa sobrecarga”.