Casos de acidentes com escorpião disparam no Brasil e mortes aumentam em 2023

Número de mortes após picadas passou de 92 para 134 em um ano

Por Plox

07/11/2024 16h40 - Atualizado há 6 meses

Em 2023, o Brasil registrou mais de 202 mil casos de picadas de escorpião, com um salto no número de mortes, que passou de 92 para 134. Essa alta no total de notificações e mortes reforça o alerta para a presença crescente desses aracnídeos, especialmente em áreas urbanas.

Aumento nos casos e mortes por picadas

Dados do Ministério da Saúde indicam um aumento expressivo de 20.243 notificações de picadas de escorpião em relação ao ano anterior, totalizando 202.324 incidentes. Esse crescimento de acidentes escorpiônicos reflete uma situação inédita, já que o número de notificações ultrapassou a marca de 200 mil pela primeira vez. O número de óbitos devido às picadas também subiu, passando de 92, em 2022, para 134 em 2023, superando o total de mortes por picadas de serpentes no mesmo período.

Arquivo/Agência Brasil

Incidentes em domicílios e impacto em crianças

Em um caso recente, Ariane Póvoa, de 40 anos, vivenciou o pânico de ver sua filha, Amanda, de apenas 1 ano e 4 meses, ser picada por um escorpião enquanto dormia. "Ela acordou chorando muito, mas, na hora, não entendi o que era. Pensei que fosse dente nascendo. Ela começou a falar ‘dodói’ e apontar para o braço. Quando fui arrumar o berço, achei o escorpião", relatou a jornalista. Embora a criança não tenha apresentado sintomas graves, o episódio ilustra como essas ocorrências estão se tornando frequentes, até mesmo em áreas residenciais, como apartamentos.

Distribuição dos casos pelo país

A região Sudeste lidera o ranking nacional com 93.369 acidentes, seguida pelo Nordeste com 77.539, Centro-Oeste com 16.759, Sul com 7.573, e Norte com 7.084 casos. Entre os estados, São Paulo encabeça a lista com 48.651 notificações, seguido por Minas Gerais com 38.827 e Bahia com 22.614. O estado de Alagoas apresenta o maior coeficiente de incidência (376,02 por 100 mil habitantes), enquanto Minas Gerais registra a maior taxa de letalidade (0,17%).

Espécies mais perigosas e áreas de risco

No Brasil, quatro espécies de escorpião são classificadas como de alta relevância para a saúde pública:

  • Escorpião-amarelo (T. serrulatus): disseminado por todas as regiões e é considerado o mais perigoso.
  • Escorpião-marrom (T. bahiensis): prevalente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
  • Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus): predomina no Nordeste, mas também é encontrado em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais.
  • Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus): principal responsável por acidentes na região Norte e no Mato Grosso.

Perfil das vítimas e locais de picada

O grupo mais afetado por picadas está na faixa de 20 a 29 anos, seguido por pessoas entre 40 e 49 anos. A maioria das vítimas (53%) é parda, seguidas por brancas (30%), pretas (7%) e amarelas (1%). Quanto ao local da picada, o pé lidera com 22,56% dos casos, seguido por dedos da mão (22,28%) e mão (18,32%).

Gravidade dos casos e tempo de espera

A maioria das picadas registradas em 2023 foi classificada como leve (89%), enquanto 5,99% foram moderadas e 0,77% graves. A taxa de letalidade aumenta significativamente quando o tempo de espera pelo atendimento é superior a 24 horas, chegando a quase 40%.

Sintomas comuns e curiosidades sobre escorpiões

Os principais sintomas incluem dor intensa (85,69%), edema (64,55%) e equimose (10,9%). Curiosamente, os escorpiões exibem fluorescência sob luz ultravioleta devido a metabólitos em sua cutícula, característica usada por especialistas para localizar esses aracnídeos. A espécie Ananteris, por exemplo, pode perder a cauda para escapar de predadores, fenômeno que leva o animal à morte posteriormente.

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