Fiscalização aponta médicos fantasmas e remédios vencidos em unidades de saúde de MG
Tribunal de Contas realiza inspeção em mais de 50 hospitais e encontra problemas graves; 80% das unidades estão sem vistoria do Corpo de Bombeiros
Por Plox
07/11/2024 07h58 - Atualizado há cerca de 1 mês
Uma inspeção realizada pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG) em 54 unidades de saúde, entre hospitais e prontos-atendimentos, revelou uma série de irregularidades nas condições de atendimento à população. Em apenas dois dias, entre terça-feira (5) e quarta-feira (6), auditores encontraram problemas como falta de vistoria do Corpo de Bombeiros em 80% das unidades e medicamentos vencidos em cerca de 30% dos locais verificados.
A analista de controle externo do TCEMG, Luisa Queiroz, explicou que a ação foi ampla e focada em analisar a qualidade dos serviços prestados à população. “Estamos avaliando mais de 124 questões envolvendo atendimento, medicamentos e equipamentos, como ambulâncias, por exemplo”, afirmou Queiroz. As inspeções buscaram evidenciar falhas e descuidos nas operações das unidades, além de investigar as práticas médicas e a estrutura de atendimento oferecida.
Médicos ausentes e falhas na triagem
Dentre as principais irregularidades, a ausência de médicos que registram ponto, mas não cumprem seus horários de atendimento, foi um problema destacado pelos auditores. Em algumas unidades, foi constatado que médicos assinavam o ponto de saída antes mesmo de completarem o turno, comprometendo o atendimento. Queiroz ressaltou: “Identificamos médicos que estão batendo ponto e não estando no local de trabalho. Também encontramos medicamentos vencidos em várias dessas unidades, o que a gente considera muito grave”.
Além disso, os profissionais identificaram falhas na triagem de pacientes, como a falta de priorização adequada no atendimento. Esse problema impacta diretamente na qualidade do atendimento, sobretudo em casos de urgência e emergência.
Problemas estruturais em unidades de Belo Horizonte
A fiscalização do TCEMG também se estendeu a hospitais de Belo Horizonte. No Hospital Júlia Kubitschek, localizado no Barreiro, os auditores constataram irregularidades no sistema de ponto dos médicos, além da ausência de informações visíveis sobre as especialidades médicas oferecidas na unidade, dificultando o acesso do público a informações básicas.
Já no Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, os problemas incluíam a interdição de banheiros e a ausência de acessibilidade nas instalações sanitárias, condições que comprometem o atendimento e a segurança dos pacientes.
Relatório final e próximos passos
Com o término das inspeções, o TCEMG irá elaborar um relatório consolidado com todos os problemas encontrados, como destacou Luisa Queiroz. “Foram muitos problemas que vamos, ao final da fiscalização, emitir um relatório consolidado com todas as informações que serão acompanhadas.” A partir desse documento, o Tribunal deverá monitorar as ações corretivas que serão implementadas pelas unidades de saúde para sanar as falhas encontradas.
A operação do TCEMG visa garantir maior transparência e eficiência na gestão da saúde pública, uma vez que as irregularidades, especialmente aquelas ligadas à falta de fiscalização e à ausência de profissionais, comprometem a integridade do serviço oferecido à população de Minas Gerais.