‘Meu padrasto de Ipatinga me estuprou’; vítima finge ter gostado e grava confissão

Vídeo foi postado nas redes sociais; ao acreditar que teria um novo “encontro” homem conta detalhes e tudo é gravado

Por Plox

07/12/2020 08h36 - Atualizado há mais de 3 anos

“É o capeta que atenta”, essa foi a resposta dada por um morador de Ipatinga-MG, padrasto de uma ex-moradora de Belo Oriente, ao ser indagado por ela. Sem saber que estava sendo gravado, o homem relembrou os tempos em que morava com Sueider de Oliveira Souza e a mãe dela. 

A mulher procurou a reportagem do PLOX após ter postado em suas redes sociais um vídeo no qual acusa o padrasto de tê-la estuprado por vários anos, enquanto era o marido de sua mãe. Hoje, casada e mãe de um menino, ela disse ao PLOX que quando tinha cinco anos de idade, a mãe trouxe o acusado para morar com elas. 

“Ele já foi chegando mudando essa realidade, trazendo mesa farta, roupas, cuidando da minha mãe. Chorou quando perguntei se podia chamar ele de pai. E assim foi, dia após dia, ganhando a nossa confiança”, diz ela em uma parte do relato.

 

Clique para ver o vídeo na rede social com relatos sobre o caso

 


Sueider contou que esteve em Belo Oriente recentemente e que sempre teve “na alma” uma dor muito grande. “Você acha certo o que você fez comigo, com a idade que eu tinha? Você sabe que você acabou com a minha vida? Você acabou comigo, eu era uma criança”, diz ela no trecho em que esclarece para o padrasto que “ele tinha sido pego”, pois a ligação telefônica amável que ela estava fazendo era na verdade uma forma para obter a confissão dos abusos.


“Mas eu agora tenho tudo. Você confessou. Agora eu tenho tudo aqui gravadíssimo e você vai pagar tudo o que você fez comigo e tudo o que você fez com mais gente. Tem uma menina em Belo Oriente, que você acabou com a vida dela também. Eu tenho nojo de você”, desabafa antes de encerrar a ligação mostrada no vídeo divulgado nas redes sociais. 

 

O relato foi postado nas redes sociais . Imagem> reprodução Instagram 


Na conversa com o PLOX, diretamente da Itália, onde vive atualmente com o filho e o marido, Sueider destacou um trecho da gravação da ligação telefônica. Até aquele momento da conversa, ela fazia o homem acreditar que era uma ligação para falar da família e outras amenidades. Ela então começa a se insinuar para o homem para dar o sentimento de que ele teria chances de revê-la. Aos poucos, ela o faz contar detalhes de fatos e datas do tempo em que era criança. 

Ela começa a forçar o assunto, até conseguir se referir ao tempo em que ocorreram os supostos abusos sexuais. “Você acha que minha mãe desconfiava de nós?" O homem responde que “não”, deixando claro que, para ele, a mãe dela não desconfiava do “relacionamento”. Ela insiste no assunto e relembra o padrasto sobre o último “encontro”. O padrasto se refere a esse fato como sendo “a última travessura que nós fizemos. Nossa última travessura”, diz o homem, sem saber que estava sendo gravado.

A ligação prossegue e Sueider tenta obter do homem a confirmação das datas. Ele demonstra estar feliz com a ligação e, por várias vezes, pergunta quando ela estaria de volta à região. Sueider nasceu em julho de 1990. O homem relembra o ano de 1998, afirmando que naquele ano atuava em um comitê de política, pois era ano de eleição. Aproveitando-se que o padrasto estava citando o ano de 1998, época em que sua mãe estava em Portugal, Sueider conduziu o assunto até obter dele a confirmação que naquela época ela foi morar com a avó e que foi a última vez que “aconteceu o que aconteceu entre nós”. O homem confirmou e chamou o momento de “última das travessuras que nós fizemos”. Em seguida, ele diz que, a partir daquele momento, não foi mais possível os "encontros" pois, “acabou por que você ficou lá no poder da Simone e da sua vó te vigiando". “Sua vó vigiando e pegando no seu pé. Aí, eu fui para Belo Oriente e fiquei quieto lá também. Mas você tá com ideia de vir quando?” Sueider diz, que naquele momento da conversa teve, na voz dele, a confirmação do ano em que os fatos ocorreram pela última vez, ou seja, ela tinha, à época, apenas 8 anos de idade.

Nas redes sociais, muitas mensagens de apoio. Em seu relato, Sueider diz que recebeu a informação que, pelo tempo decorrido, os supostos crimes, ocorridos até o ano de 1998, já prescreveram e que “a Justiça não poderia fazer mais nada”.


Algumas pessoas postaram mensagens perguntando o motivo de, somente agora, ela ter resolvido falar sobre o caso. Sueider disse que ficou sabendo recentemente que seu padrasto teria abusado de outra menina, também moradora de Belo Oriente. “Por anos, tentei lidar com isso, como se fosse uma coisa já superada. Mas esse assunto sempre me atormenta e, ao saber do caso da outra menina, resolvi contar tudo. É uma forma de proteger outras crianças que, como eu, podem ter suas vidas destruídas. Pedofilia é um crime bárbaro e cruel”, encerrou.
 

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