Escultura da Ypê em Salvador é removida após acusações de racismo

Uma controvérsia surgiu em Salvador após a instalação de uma escultura promocional da marca de produtos de limpeza Ypê. A peça, localizada na avenida Oceânica, no bairro da Ondina, foi criticada nas redes sociais por supostamente evocar racismo. A escultura, representando uma mão segurando um limpador multiuso, foi removida pela Prefeitura da cidade após a repercussão.

A polêmica começou na terça-feira (05) com uma publicação da escritora e professora Bárbara Carine, que, em um vídeo no Instagram, interpretou a escultura como uma representação racista, argumentando que ela reforça estereótipos escravagistas ao colocar uma mão negra em posição subalterna. Carine, autora do livro "Como ser um educador antirracista: Para familiares e professores", apontou que a localização da obra em uma área nobre da cidade contribuía para a percepção problemática.

A Química Amparo, proprietária da marca Ypê, defendeu-se das acusações em uma nota, afirmando que a escultura foi baseada no personagem Mãozinha da série 'A Família Addams', popularizada pelo filme dos anos 90. A empresa destacou que, em suas campanhas publicitárias, a Mãozinha é representada com pele branca e que todas as reproduções foram aprovadas pelo Instituto Addams, detentor dos direitos autorais do personagem.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador, ao remover a obra, reiterou seu compromisso com o combate à discriminação e à construção de políticas públicas para a igualdade racial. Por sua vez, a Ypê informou que a campanha com a Mãozinha ocorreu também em São Paulo e Campinas, com esculturas de mesma cor que a peça controversa de Salvador, e que a referência para as campanhas é a versão do personagem dos filmes dos anos 90, sem as cicatrizes presentes na recente série 'Wandinha' da Netflix.