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Brasiliense autista cria ONG que já calçou 60 mil crianças em 23 países
Após ver crianças morrendo ao andar descalças em esgoto a céu aberto em Angola, irmãs biomédicas lançam campanha no Orkut que dá origem à ONG Compaixão Internacional e leva Betty Mae Agi à vitória no reality ‘The Best Speaker Brasil’
07/12/2025 às 09:47por Redação Plox
07/12/2025 às 09:47
— por Redação Plox
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Crianças descalças chamaram a atenção de Betty Mae Agi e de sua irmã, Brenda, durante um período de trabalho voluntário em Angola. A viagem ao país africano foi uma escolha consciente: em vez da festa de formatura do curso de Biomedicina, elas decidiram atuar como biomédicas em campo.
Betty Mae Agi iniciou sua atuação em Angola e atualmente está presente em 24 países
Brasiliense, moradora de Anápolis (GO) e filha de pai moçambicano e mãe brasileira, Betty trabalhava com parasitoses e verminoses quando percebeu, ao lado da irmã, que muitas crianças morriam também pelo contato direto com esgoto a céu aberto, em contextos de extrema precariedade. Era 2010 e, segundo ela, quase ninguém discutia o impacto de simplesmente estar descalço nessas condições.
Da primeira campanha à criação de uma ONG
Ao voltar ao Brasil, as irmãs recorreram à antiga rede social Orkut para lançar uma campanha de arrecadação. Criaram um álbum de fotos que unia ballet e chinelos, com a meta de juntar 250 pares para enviar às crianças em Angola. O alcance foi imediato: em apenas dois dias, a meta foi batida e a iniciativa chegou a 17 estados brasileiros.
Ao mesmo tempo em que as doações cresciam, surgiram pedidos de ajuda de diferentes lugares, como Brasil, Índia e Haiti. Essa demanda, vinda de vários países, deu às biomédicas a dimensão global do problema da falta de calçados infantis.
Betty relembra que, à época, dados da ONU apontavam que 300 milhões de crianças viviam descalças por falta de opção, o que ela classifica como um problema de saúde, dignidade, mobilidade e segurança. Em cenários de conflito e vulnerabilidade, estar sem calçados pode significar não conseguir fugir, estudar ou circular com mínima proteção.
Da experiência de distribuir chinelos nasceu a ONG Compaixão Internacional, que já calçou 60 mil crianças em 23 países. Para o público atendido, o chinelo deixa de ser apenas um item simples de borracha e passa a representar um meio de locomoção e, muitas vezes, a condição básica para que uma criança possa frequentar a escola.
Betty também chama a atenção para o estigma que recai sobre pessoas descalças, frequentemente associadas à falta de higiene, e para o recorte racial do problema. Segundo ela, cerca de 80% das pessoas sem acesso a calçados são não brancas. Enquanto parte da humanidade avança em tecnologia e conforto, outra parcela ainda caminha literalmente descalça, em uma desigualdade que ela considera urgente enfrentar.
Palestrante, autista e movida por propósito
Além de biomédica, Betty é gestora de projetos, palestrante e autista. O diagnóstico veio ainda na infância, em um ambiente familiar que incentivava a busca por propósito e por uma carreira com relevância social.
Os pais acompanharam de perto toda a vida escolar das filhas. O choque veio quando Betty ingressou na faculdade aos 15 anos, em outra cidade, ao se mudar de Brasília para Anápolis. Nessa fase, tinha ao seu lado apenas a irmã, também autista, para enfrentar os desafios de uma rotina acadêmica intensa e de uma nova vida longe da família.
Lidando com a neurodivergência, ela relata ter passado por crises sensoriais e forte ansiedade social, condições que tornavam o dia a dia universitário mais difícil. O que a manteve firme foi a convicção de que havia um propósito maior em sua trajetória acadêmica e profissional.
Desde pequena, Betty ouvia que seu “problema” era não olhar nos olhos das pessoas. Foram anos de terapia até conseguir encarar alguém sem se sentir profundamente invadida. Ao longo desse processo, ela passou a direcionar o olhar para outro ponto: os pés das pessoas. Foi assim que, ao observar quem caminhava descalço, encontrou o foco de sua atuação.
Caminhando nessa direção, Betty chegou ao palco do reality show de palestras “The Best Speaker Brasil”, onde se tornou vencedora no dia 29, superando quase 36 mil inscritos. Enfrentando ansiedade, luzes, barulho, cores e toda a desregulação sensorial do ambiente, ela conseguiu apresentar sua história, falar abertamente sobre o diagnóstico de autismo e ser acolhida pelo público.
Para Betty, é o senso de propósito que a mantém firme diante das dificuldades e que orienta cada passo de sua atuação social.
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