Protestos marcam dois anos do 8 de janeiro: atos contra condenações ganham destaque
Oposição e familiares dos condenados realizam manifestações; eventos incluem debates sobre anistia e críticas ao governo federal.
Por Plox
08/01/2025 10h31 - Atualizado há 7 meses
No segundo aniversário das invasões às sedes dos Três Poderes em Brasília, uma série de atos organizados por opositores ao governo Lula e familiares de condenados pelo episódio de 8 de janeiro de 2023 ganhou espaço nesta quarta-feira (8). Enquanto o governo promove eventos institucionais, os protestos destacam o descontentamento com as condenações e ações judiciais decorrentes dos ataques.

Manifestações em diferentes cidades e online
Pelo menos quatro manifestações foram anunciadas em redes sociais, incluindo encontros presenciais em Rio de Janeiro, Campinas e Goiânia. Além disso, uma transmissão ao vivo de oito horas foi organizada pela Associação de Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), com o tema “8 de janeiro: 2 anos de farsa”. A live conta com a participação de parlamentares como os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES) e deputados como Marcel Van Hatten (Novo-RS) e Bia Kicis (PL-DF).
Os organizadores afirmam que o evento abordará o projeto de lei que propõe anistiar investigados e condenados, além de campanhas internacionais denunciando o que consideram injustiça e perseguição política. "Um grande time de jornalistas, juristas e parlamentares debaterá por 8 horas ininterruptas, o que de fato ocorreu no 8 de janeiro de 2023, rebatendo as narrativas que têm incriminado inocentes e destruído vidas", destacou a Asfav em comunicado oficial.
Críticas à condução das investigações e à justiça
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também se posicionou, afirmando que o Brasil atravessa um momento crítico. “Estamos vivendo um momento sombrio, marcado por inquéritos intermináveis e decisões arbitrárias que minam a confiança nas instituições. É hora de defender a liberdade, exigir igualdade perante a lei e resistir aos excessos de quem deveria proteger a democracia", declarou Marinho.
Condenações e impacto jurídico do 8 de janeiro
A Polícia Federal concluiu que os atos de 2023 tinham como objetivo remover Luiz Inácio Lula da Silva do cargo e restaurar Jair Bolsonaro à presidência por meio de um golpe apoiado pelas Forças Armadas. Desde então, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 371 pessoas e absolveu outras quatro.
Atualmente, dos 1.552 processos instaurados, 527 resultaram em acordos de não persecução penal – medida destinada a evitar encarceramento em casos sem violência ou ameaça grave. Contudo, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, considera o número de acordos insuficiente.
Entre os crimes apurados, 1.093 são classificados como simples, incluindo incitação ao crime e associação criminosa, enquanto 459 envolvem acusações mais graves, como tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio público. O prejuízo financeiro causado pelas depredações é estimado em R$ 26 milhões, sendo R$ 11 milhões apenas no STF.
Prisioneiros, foragidos e atuação internacional
Dos processados, 78 permanecem em prisão provisória, 70 foram presos definitivamente, e sete cumprem prisão domiciliar. Dezenas de condenados estão foragidos; pelo menos 60 permanecem em locais desconhecidos. Alguns fugiram para países da América Latina, como Bolívia, Peru e Argentina, onde esforços de cooperação internacional resultaram em apenas quatro prisões até o momento.