Bloco homenageia Rua Guaicurus e as meninas dos hotéis
Às 18h o cortejo sai do local de concentração e inicia o trajeto que irá percorre a Rua Guaicurus, até a Rua São Paulo, virando sentido Avenida Oiapoque e depois na Rua Rio de Janeiro.
Por Plox
08/02/2023 08h33 - Atualizado há quase 2 anos
O carnaval oficial já está batendo na porta dos brasileiros, e a folia em Belo Horizonte terá um bloco especial no sábado, 18 de fevereiro. Um grupo criado em 2020 promete uma festa democrática e pretende abraças todos os públicos.
Neste ano, o bloco Xô Preconceito, Meu nome é Felicidade, irá cumprir com o seu próposito de criação: homenagear a Rua dos Guaicurus, no hipercentro, assim como as garotas de programa que trabalham na região e demais pessoas que são vítimas de discriminação constantemente.
Os interessados em cair na folia com o grupo precisam se deslocar para a Praça Rui Barbosa (em frente ao Espaço 104 e à Praça da Estação). É lá que ocorre a concentração às 17h, e de onde o desfile sairá, e seguirá até a rua Guaicurus com rua Rio de Janeiro.
A idealizadora do projeto, Laura Maria, relata que a ideia da criação do bloco surgiu em 2019, durante a Virada Cultural da capital mineira. “Queríamos uma folia em que as profissionais do sexo se sentissem livres, representadas e, acima de tudo, respeitadas. Então, assumi a responsabilidade de criar o ‘Xô Preconceito, Meu Nome é Felicidade’, inspirado em um livro escrito pelas profissionais do sexo da Guaicurus. O nosso bloco é aberto para todos e a intenção é levantar a bandeira contra qualquer tipo de preconceito”, relata.

Laura ainda destaca que o bloco tem como proposta acolher pessoas que ainda se encontravam à margem do carnaval belo-horizontino. “Contamos com o apoio e participação de mais de 70 profissionais do sexo, somados a amigos e pessoas que engajam na ideia profissionais do sexo devem se sentir livres, representadas e, acima de tudo, respeitadas. Em sua grande maioria, as meninas da rua Guaicurus, nos famosos hotéis ‘sobe e desce’, são mulheres de periferia, que muitas vezes acabam caindo na profissão por falta de opção. No bloco, elas encontram força para lutar contra o preconceito que sofrem dia a dia por causa da atividade profissional que exercem”, conta.
Marchinha
O bloco ‘Xô Preconceito, Meu Nome é Felicidade’ conta com uma marchinha, com letra criada pela compositora Kelly Cristina do Espírito Santo e melodia pelo maestro Jorge Antunes. A música foi gravada nas vozes de Maria Nunes e Loudival Duarte. Para ouvir a canção, basta clicar neste link: https://youtu.be/6XNO16nSgK0.
Trajeto
A partir das 17h, um trio elétrico já estará posicionado na Praça Rui Barbosa, no Centro de BH. Às 18h o cortejo sai do local de concentração e inicia o trajeto que irá percorre a Rua Guaicurus, até a Rua São Paulo, virando sentido Avenida Oiapoque e depois na Rua Rio de Janeiro. O desfile será encerrado na Rua dos Guaicurus e dispersão deve ocorrer às 22h.
Pela causa
O Baianas Ozadas, um dos maiores blocos do Carnaval de Belo Horizonte, abraça a causa da luta contra a discriminação e apadrinha o Xô Preconceito, Meu nome é Felicidade. Os dirigentes da iniciativa que mistura Minas com Bahia, Polly Paixão e Geo Ozado, apadrinham o bloco para levantar a bandeira de que nenhum tipo de preconceito pode ser tolerado.
Para Polly Paixão, que é gestora cultural e responsável pela produção do Baianas Ozadas, o apoio ao bloco que reúne profissionais do sexo é uma forma de conscientizar a sociedade. “Nenhum tipo de discriminação deve ser tolerado e devemos trazer as pessoas que estão à margem para a integração à sociedade. Muito se fala em inclusão no mercado de trabalho, na educação e em outros aspectos, mas precisamos, de fato, promover essa inclusão em todos os âmbitos, por isso, Xô Preconceito”, diz.