Entendendo o Orgasmo Feminino: mitos, realidades e autoconhecimento

O orgasmo feminino, tema de constantes dúvidas e mitos, ganha destaque no filme “Pobres Criaturas” de Yorgos Lanthimos, indicado ao Oscar 2024. Através da personagem Bella Baxter, interpretada por Emma Stone, a obra apresenta uma cena emblemática que desafia os estereótipos pornográficos ao mostrar um orgasmo alcançado por masturbação, evidenciando a diversidade das experiências sexuais femininas sem a necessidade de explicitar órgãos sexuais.

Esse momento cinematográfico ressalta a importância do autoconhecimento e da exploração corporal para o entendimento do prazer feminino, indo contra a visão simplista frequentemente propagada. Em realidade, o orgasmo feminino não se limita a uma única forma de manifestação, podendo ser tanto intensamente perceptível quanto sutil, alcançado por meio de variados estímulos e não necessariamente vinculado à penetração.

Estudos, como o realizado pelo Hospital Central de Okayama no Japão, mostram que o orgasmo feminino raramente acompanha sinais visíveis como a ejaculação, com apenas uma em dez mulheres experimentando o "squirt". A terapeuta sexual Leni Oliveira enfatiza a individualidade do prazer feminino, destacando que a experiência de cada mulher é única, influenciada por uma combinação de fatores físicos e emocionais.

Apesar de a busca pelo clímax ser uma jornada pessoal, existem indicadores universais de que o orgasmo foi atingido, marcados por relaxamento muscular e a liberação de substâncias químicas que propiciam sensação de bem-estar. A duração e o tempo para alcançá-lo variam, mas a penetração não é o único caminho para o orgasmo, como aponta pesquisa citada pela terapeuta, que revela apenas 31,4% das mulheres atingem o clímax exclusivamente por esta via.

Além disso, a comunicação com o parceiro e a exploração dos próprios desejos são aspectos cruciais para uma experiência sexual satisfatória, conforme ressalta a historiadora Fernanda Lopes, que compartilha sua própria jornada de descoberta e prazer.

Ainda assim, persistem tabus e estigmas em torno do orgasmo feminino, refletindo uma necessidade contínua de educação sexual e desmistificação. Romper com ideias pré-concebidas e reconhecer a diversidade das experiências sexuais femininas são passos fundamentais para uma vida sexual plena e satisfatória, conforme indicam os especialistas consultados.