Ameaça invisível: Vírus sincicial respiratório em alta entre crianças no Brasil
Nos três primeiros meses de 2023, o VSR foi responsável por 30% dos casos de doenças respiratórias no país, ultrapassando as infecções pelo vírus da gripe.
Por Plox
08/04/2023 08h51 - Atualizado há cerca de 2 anos
O vírus sincicial respiratório (VSR) tem causado preocupação no Brasil devido ao aumento no número de infecções, principalmente em crianças de 0 a 4 anos. Nos três primeiros meses de 2023, o VSR foi responsável por 30% dos casos de doenças respiratórias no país, ultrapassando as infecções pelo vírus da gripe.
As informações são do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também apontam mudanças no padrão de circulação do vírus, antes concentrado nos meses frios e agora registrado em níveis elevados durante todo o ano. Especialistas acreditam que a pandemia da Covid-19 desregulou a sazonalidade do VSR.
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Grupos de risco e sintomas
O VSR pode ser especialmente perigoso para bebês, crianças, idosos e pessoas com distúrbios cardíacos congênitos ou doenças pulmonares crônicas. Seus sintomas são semelhantes aos de um resfriado comum, como febre, tosse, espirros, coriza e mal-estar, mas podem evoluir para complicações mais graves, como bronquiolite e pneumonia.
Segundo o pediatra infectologista Renato Kfouri, "é um vírus que não dá imunidade duradoura. Você não pega só uma vez na vida. As reinfecções vão ser comuns. A segunda, a terceira, a quarta, a quinta vez que você se encontra com o vírus, a tendência é ter sintomas mais leves. Então, o risco maior é nos mais novos, que não tem imunidade, ou nos mais velhos, que perderam a imunidade."
Transmissão e prevenção
O VSR é altamente contagioso e pode ser transmitido pelo ar ou pelo toque em objetos contaminados. As medidas de prevenção são semelhantes às adotadas durante a pandemia de Covid-19, como evitar ambientes fechados com aglomeração, higienizar as mãos e usar máscaras.
Sazonalidade do VSR
O pediatra Renato Kfouri explica que as infecções por VSR sempre precedem os casos de gripe no Brasil, e a sazonalidade varia de acordo com a região. No entanto, a pandemia da Covid-19 alterou essa dinâmica, levando a um aumento na circulação do vírus e maior número de crianças infectadas.
Vacinas e tratamento
Farmacêuticas ao redor do mundo estão trabalhando no desenvolvimento de vacinas contra o VSR. A Pfizer, por exemplo, está desenvolvendo vacinas para gestantes e idosos, com eficácia superior a 80% nos testes clínicos de fase 3. A vacina da GSK também se mostrou 82,6% eficaz em pessoas com 60 anos ou mais. No entanto, ainda não há aprovação para uso desses imunizantes por agências reguladoras internacionais.
Enquanto as vacinas não são aprovadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o medicamento palivizumabe, um anticorpo monoclonal que impede que o vírus se hospede nas células humanas. Na rede pública, o palivizumabe é indicado para bebês com menos de 1 ano de idade que nasceram prematuros e crianças com menos de 2 anos com doenças pulmonares crônicas ou cardíacas congênitas.
Conscientização e precaução
É fundamental conscientizar a população sobre o VSR e seus riscos, especialmente para os grupos mais vulneráveis. A adoção de medidas preventivas e o monitoramento contínuo das infecções por VSR podem ajudar a minimizar o impacto dessa ameaça invisível na saúde das crianças e idosos no Brasil.
Com a retomada das atividades e a redução do uso de máscaras, é crucial que pais e responsáveis estejam atentos aos sinais e sintomas do VSR, procurando atendimento médico em caso de suspeita de infecção. Além disso, é importante continuar seguindo as recomendações de prevenção e manter-se informado sobre o desenvolvimento de vacinas e tratamentos para o vírus sincicial respiratório.