Governo Zema paga R$ 9,5 bilhões, mas dívida com União segue em R$ 162,9 bilhões

O governador Romeu Zema (Novo) anunciou nesta segunda-feira (7) mais um pagamento relacionado à dívida do Estado de Minas Gerais com a União. O valor depositado foi de R$ 396,65 milhões, parte do acordo firmado dentro do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Com esse pagamento, o governo mineiro afirma já ter quitado R$ 9,5 bilhões desde que Zema assumiu a gestão em 2019.

Foto: Presidência

Apesar da movimentação financeira recente, o montante total da dívida ainda impressiona: R$ 162,9 bilhões, conforme dados oficiais do governo estadual. Em publicação nas redes sociais, Zema destacou que o valor da parcela já estava na conta da União e aproveitou para exaltar o compromisso de sua gestão com o pagamento das dívidas. “Aqui tem compromisso, trabalho sério e transparência”, afirmou.

Entretanto, os dados revelam que os pagamentos de fato só ganharam força a partir de 2022. Entre 2019 e 2021, período em que vigorou uma liminar do Supremo Tribunal Federal permitindo a suspensão do pagamento da dívida, o Estado chegou a pagar parcelas anuais de apenas R$ 300 milhões, valor bem inferior aos R$ 4,4 bilhões pagos em 2018, antes da gestão Zema. Durante essa fase, o valor acumulado de parcelas suspensas atingiu R$ 30,4 bilhões.

A suspensão, embora tenha aliviado temporariamente o caixa do Estado, não isentou Minas de juros e multas. Como resultado, a dívida teve um salto de cerca de 45%, saindo de R$ 114 bilhões para os atuais R$ 162,9 bilhões.

Mesmo com a retomada dos pagamentos, o governo federal informou que continua sendo acionado para arcar com dívidas de responsabilidade de Minas Gerais. Em fevereiro deste ano, segundo dados do Tesouro Nacional citados pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), a União desembolsou R$ 854 milhões para cobrir compromissos do Estado.

O anúncio de Zema coincidiu com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Minas Gerais. Lula esteve em Montes Claros para acompanhar o anúncio de investimentos da farmacêutica Novo Nordisk, que irá aplicar R$ 6,4 bilhões na construção de laboratórios e linhas de produção no Norte de Minas, voltadas à fabricação de medicamentos da linha Ozempic a partir de 2028.

Zema, por sua vez, não compareceu ao evento ao lado do presidente. Ele cumpria agenda em São Paulo, onde se encontrou com empresários e o ex-presidente Michel Temer. No domingo, participou de um ato ao lado do também ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ausência de Zema em um momento de anúncios expressivos para o Estado reforça o distanciamento político entre os governos estadual e federal, enquanto a dívida bilionária mineira segue sendo ponto de tensão nas relações entre os dois.