Brasil avança no IDH, mas educação segue estagnada e preocupa especialistas
País sobe no ranking de desenvolvimento humano, mas revela sérias deficiências educacionais, incluindo altos índices de analfabetismo funcional até entre universitários
Por Plox
08/05/2025 16h25 - Atualizado há 1 dia
Apesar do avanço no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil enfrenta um alerta preocupante: a estagnação na educação ameaça comprometer os progressos conquistados em outras áreas.

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O país subiu cinco posições, passando da 89ª para a 84ª colocação, entrando assim no grupo dos países de IDH elevado, com desempenho acima da média da América Latina e do Caribe. No entanto, ao olhar com mais atenção para os indicadores educacionais, o cenário é desanimador. A média de anos esperados de estudo no país permanece inalterada desde 2020, fixada em 15,79 anos — valor semelhante ao registrado na Bolívia.
Ainda mais crítico é o tempo que os brasileiros efetivamente permanecem na escola: 8,43 anos, número que não sofreu alterações nos últimos dois anos. Esse índice coloca o Brasil atrás de países como República Dominicana, Venezuela e Nicarágua, evidenciando o desafio na retenção escolar.
O problema vai além do tempo na sala de aula. O país lida com uma taxa alarmante de analfabetismo funcional. De acordo com o Índice Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), 29% da população brasileira enfrenta dificuldades sérias para compreender textos e realizar operações matemáticas simples. Desse total, 7% têm enorme dificuldade até para ler números de telefone, e 22% não compreendem conteúdos mais complexos. O dado mais alarmante é que até entre os que cursaram o ensino superior, 12% demonstram habilidades rudimentares de leitura e escrita.
Ao mesmo tempo, outros indicadores impulsionaram o crescimento do IDH, como o aumento da renda per capita de US$ 14.616 para US$ 18.011 e a elevação da expectativa de vida para 75,85 anos. No entanto, esses avanços podem não se sustentar sem uma base educacional sólida.
Especialistas apontam a necessidade urgente de programas que incentivem a permanência do aluno na escola, mas alertam que isso só será eficaz se os jovens tiverem acesso a conteúdos atualizados, estímulos adequados ao aprendizado e professores bem preparados e valorizados.
Sem mudanças estruturais e investimentos consistentes na educação, o país corre o risco de ver seus avanços econômicos e sociais comprometidos, perpetuando o ciclo de desigualdade e subdesenvolvimento.