Servidora filmada ao intimar Bolsonaro na UTI recebe apoio de Barroso

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, recebeu nesta quarta-feira (7) a oficial de Justiça Cristiane Oliveira, que ficou conhecida por ter sido filmada enquanto entregava uma intimação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, internado na UTI de um hospital em Brasília.

Foto:Antonio Augusto/STF

Durante o encontro, Barroso prestou solidariedade à servidora, que foi alvo de constrangimento no exercício da função pública ao cumprir uma ordem judicial relacionada ao processo em que Bolsonaro se tornou réu por tentativa de golpe de Estado. Em nome da Corte, o ministro expressou respeito ao trabalho dos oficiais de Justiça e disse que o STF se orgulha da atuação da categoria.

“Estamos ao lado de vocês para garantir o apoio e o suporte necessários para o cumprimento das funções, que são essenciais ao Supremo Tribunal Federal”, declarou Barroso. Ele ainda mencionou que o tribunal avaliará medidas administrativas para ampliar a proteção aos oficiais de Justiça no desempenho de suas atividades.

A ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também conversou com Cristiane Oliveira. Durante o diálogo, abordou o machismo estrutural presente na sociedade e sugeriu que o fato de a oficial ser mulher pode ter influenciado na exposição e no constrangimento sofridos.

O episódio aconteceu no dia 24 de abril, quando Cristiane entrou na Unidade de Terapia Intensiva do hospital DF Star, onde Jair Bolsonaro estava internado após uma cirurgia abdominal. Ela foi até o local para obter a assinatura do ex-presidente em uma intimação relativa à denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusava de planejar um golpe de Estado em 2022.

Inicialmente, o STF havia orientado que se aguardasse um momento apropriado para a entrega da intimação, já que Bolsonaro havia sido internado no mesmo dia, no Rio Grande do Norte. No entanto, após o ex-presidente participar de uma live em 23 de abril, a Corte entendeu que ele estaria apto a receber a intimação no dia seguinte.

A oficial permaneceu na UTI por mais de dez minutos até conseguir a assinatura. Todo o procedimento foi filmado e posteriormente divulgado nas redes sociais do próprio ex-presidente, o que gerou forte repercussão.

Entidades representativas dos oficiais de Justiça emitiram nota de repúdio à divulgação do vídeo, classificando a gravação como indevida e não autorizada. As instituições criticaram o que chamaram de “divulgação sensacionalista” e afirmaram que a prática fere a dignidade dos servidores públicos e ultrapassa os limites do direito à manifestação.