Thais Carla enfrenta críticas após bariátrica e reacende debate sobre gordofobia

Após cirurgia de redução de estômago, dançarina é alvo de julgamentos e comentários ofensivos nas redes sociais

Por Plox

08/05/2025 09h31 - Atualizado há 1 dia

A dançarina, coreógrafa e influenciadora Thais Carla tornou-se alvo de uma série de críticas e julgamentos nas redes sociais após divulgar que se submeteu a uma cirurgia bariátrica como parte de seu processo de emagrecimento, que já havia reduzido cerca de 30 quilos. A decisão, que envolve questões pessoais de saúde, provocou uma onda de comentários negativos justamente entre alguns dos que a viam como símbolo de representatividade na luta contra a gordofobia.


Imagem Foto: Reprodução


Thais, que construiu sua imagem pública defendendo a autoaceitação e a liberdade dos corpos, especialmente os fora do padrão, respondeu aos ataques de forma firme. Segundo ela, “nunca defendi a obesidade, mas sim o amor próprio, que é algo completamente diferente”. Em seu posicionamento, reforçou que sua militância sempre esteve pautada em saúde emocional, autoestima e respeito aos limites individuais.



A polêmica também envolveu o humorista Leo Lins, condenado judicialmente em 2021 por danos morais a Thais, após piadas ofensivas. Ele reapareceu nas redes sociais afirmando, de forma irônica, que teria contribuído financeiramente com o valor da cirurgia por conta da indenização paga à dançarina. A declaração inflamou ainda mais o debate público em torno da decisão de Thais.



A psicóloga Thamires Barcellos, especialista em terapia cognitivo-comportamental, analisou a situação e destacou que esse tipo de julgamento revela o quanto ainda existe vigilância sobre os corpos não normativos. Para ela, há uma idealização padronizada que não permite a complexidade das escolhas individuais, o que se evidencia quando até uma figura militante vira alvo de críticas por decidir mudar.


\"Julgar o outro é muitas vezes uma defesa para não enfrentar nossas próprias contradições. A escolha do outro abala nosso lugar simbólico\", avaliou a especialista.

Thamires sugere que a superação dessa intolerância passa por desenvolver o pensamento crítico e a escuta empática. Ela defende que resgatar a autonomia sobre o próprio corpo é um passo urgente, assim como promover espaços seguros onde corpos diversos possam existir sem a necessidade constante de justificativa.



Além da reflexão social, a psicóloga pontua que decisões como a de Thais devem ser compreendidas dentro do contexto individual de cada pessoa, levando em conta influências culturais, rede de apoio e histórico de enfrentamento. “Não se trata de romantizar nem de julgar, mas de entender a complexidade de cada trajetória e oferecer suporte respeitoso”, afirmou.


Thamires ainda abordou a relação entre comportamento alimentar e emoções, reforçando que a comida tem papel simbólico e afetivo, e que o vício pode surgir quando esse prazer vira única fonte de alívio. A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a identificar gatilhos e a construir novas estratégias de cuidado com o corpo e a mente.



Ela finaliza propondo alternativas como a terapia de aceitação e compromisso, o fortalecimento de redes de apoio e a educação sobre gordofobia estrutural. Criar rituais de autocuidado e ampliar o repertório de fontes de prazer são caminhos indicados para quem busca equilíbrio emocional e autonomia corporal.



O caso de Thais Carla se insere em um debate maior sobre liberdade individual, saúde e os limites da militância, reforçando a necessidade de respeitar as decisões que cada um toma sobre o próprio corpo — sem que isso precise ser validado ou condenado por um tribunal público digital.


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