Caso raro: crocodilo-americano engravida de si mesmo; entenda o fenômeno

O mundo da ciência experimentou um momento extraordinário quando um estudo da Royal Society relatou o primeiro caso de uma fêmea da espécie crocodilo-americano gerando um feto sem um parceiro, um fenômeno conhecido como "parto virgem". O estudo, publicado na última quarta-feira (7), é baseado em observações feitas em 2018 em um zoológico na Costa Rica. A fêmea do crocodilo, vivendo em isolamento por aproximadamente 16 anos, surpreendeu os cientistas ao gerar um feto sem a participação de outro indivíduo.

Investigações genéticas revelaram que o feto era 99,9% idêntico à mãe, o que afirma a ausência de outros DNAs, confirmando que o caso é um exemplo de partenogênese. O feto estava completamente formado dentro do ovo, no entanto, o ciclo reprodutivo não foi completado e o ovo não conseguiu eclodir, resultando na morte do animal.

Em resposta ao ocorrido, os pesquisadores insistem que "isso não deve ser visto como um indicativo de que todas as partenogêneses de crocodilos serão não-viáveis".

A partenogênese: uma relíquia evolutiva comum a vários vertebrados

Embora este seja o primeiro caso documentado em crocodilos-americanos, a partenogênese não é um fenômeno novo na natureza. Essa forma de reprodução já foi testemunhada em outras espécies, incluindo pássaros, peixes e outros répteis. A recorrência do fenômeno levou os pesquisadores a sugerir que essa capacidade é um traço hereditário passado por um ancestral comum.

Os cientistas levantaram a hipótese de que até mesmo os dinossauros, ancestrais dos répteis modernos, poderiam ter a habilidade de se reproduzir por meio da partenogênese. Os autores do estudo declararam que o fenômeno tem crescido de forma "impressionante" em vertebrados nos últimos 20 anos.

Contudo, esse aumento observado é atribuído mais ao avanço dos estudos sobre genética molecular e a um melhor entendimento do fenômeno da partenogênese, e não necessariamente a um aumento real da incidência deste tipo de reprodução.